domingo, 23 de janeiro de 2011

Sobre o Muk Yan Jong

Muk yan jong ou Mudjong ou Moodjong é um "boneco" de madeira utilizado para treinamento e vários estilos de Kung Fu,mas é mais associado ao estilo Wing Chun. 

"Muk" (lit. madeira), "yan" (lit.homem) e "jong" (lit. pilar).Além de ser um aparelho para auxilio ao treinamento,faz parte do sistema wing chun como a 4º fase do treinamento com sua respectiva forma (kuen to),junto com o aparelho Gerk Jong,que veremos adiante. È talvez um dos mais famosos aparelhos para treinamento do wing chun e que freqüentemente aparece em filmes de ação, especialmente produções asiáticas.Mais recentemente pôde ser visto nos filmes sobre  Yip Man.

                        trailler do filme yip man (no Brasil,'' O grande mestre'')










Obvaimente, o Muk yan Jong "primitivo"era bastante diferente de seu formato atual,tendo sofrido alterações com o decorrer dos anos e necessidades técnicas dos praticantes,sendo o patriarca Yip Man um dos grandes contribuintes para seu desenvolvimento posterior.
Na prática, é importante salientar que deve haver uma "interação" com o muk yan jong, através dos movimentos assim como existe uma interação com seu adversário. Como o boneco está preso por duas traves,isso permite com o balanço causado, uma interação do tipo "pergunta/resposta" simulando um oponente. Isso não quer dizer que a prática no Muk Yan jong substitua á pratica á dois,mas a sua finalidade não se resume á um aparelho para ser espancado.È necessário compreender que através da pratica no muk yan jong pode-se corrigir posturas,criar novos insights,etc...etc...


Abaixo,Sitaigung Yip man executa a forma no Muk Yan Jong






Mais abaixo,um esquema de como construir um muk yan jong









quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pequena análise técnica do Chi Sao

Vamos falar um pouco sobre este que talvez seja o mais famoso treinamento do sistema wing chun.Quando se fala em wing chun,logo lembramos do exercício Chi Sao.
"Chi Sao" significa literalmente "Braços Colados".è um exercício auxiliar que normalmente é ensinado quando o praticante inicia a segunda fase do sistema Wing Chun,chamada "Chum Kiu''

.Na fase inicial - Siu Lin Tao - o praticante já entra em contato com a forma mais elementar deste exercício,chamada "Tang Chi Sao",mas é no Chi Sao que o praticante tem a oportunidade de entrar em contato com conceitos mais elaborados do sistema Wing Chun.
Um equivoco bastante recorrente é interpretar o Chi Sao como um exercício que ensine de fato a lutar,como um combate em sí.Apesar dos princípios de luta,bem como o insight do próprio praticante, que neste exercício pode colocar em prática aquilo que vem aprendendo até o momento,estarem lá,o foco do Chi Sao não tem o combate como finalidade nela mesma,ou seja o combate pelo combate,apenas. Por haver esta distinção,no Chi Sao não há uma relação de "vencedor/vencido".

Na verdade,Chi Sao tem como foco principal o desenvolvimento da sensibilidade e da percepção sensorial de si,em relação ao companheiro de treino,através do contato com os braços,que devem estar relaxados durante a forma básica,mas que se tencionam apenas no momento da ação,permitindo a aplicação correta da energia (esforço apropriado).

Quando falamos sensibilidade,nos referimos ao desenvolvimento da percepção das intenções do companheiro de treino e sua movimentação,para neutralizá-lo,"atacando e defendendo" ao mesmo tempo.
A partir de como o Chi Sao está estruturado e organizado,é possível fazer a leitura dos movimentos do companheiro de treino,onde ele pode avançar,cobrindo a área antecipadamente.È imprescindível, portanto, o foco da concentração e da atenção estar sempre atento,pois no chi sao, a ação ocorre justamente quando há uma falha no foco de atenção de um dos dois praticantes.Então,dentro deste exercício,eu percebo se o meu companheiro de treino está com estrutura (alinhamento,base,etc.) para uma ação e se eu tenho condições de cobertura e/ou avanço,detectando,utilizando e redirecionando a força do "oponente".

Não dá para praticar Chi Sao sozinho,pois não faria sentido,já que para "sentir" a intenção do "oponente" é preciso "tocar" o oponente,estar em contato com ele.Este é um dos aspectos mais interessantes da prática do Chi Sao,pois è justamente ai,onde percebemos,que se compreendermos as intenções de nosso opositor,compreendendo-o,teremos chances reais de sobrepô-lo,sendo assim, Chi sao é a base para  entendimento do segundo nível do Wing Chun e do que chamamos de desenvolvimento humano.

Na prática,Trata-se apenas de um treino de sensibilidade utilizando o que os chineses chamam de ponte. O objetivo é atacar e defender ao mesmo tempo, sem chance de defesa para o oponente.



É importante assinalar que há várias etapas no Chi Sao:
  • Praticar com as duas mãos e com movimentos redondos
  • Praticar com movimentos redondos e em alguns momentos, agarramentos leves
  • Atacar pelos intervalos entre os braços e o companheiro exercitar as defesas
  • Atacar com braços e pernas (Chi Gerk)



Abaixo,uma figura que exemplifica a forma básica e inicial do exercício



Forma básica do Chi Sao








terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O Enigma Jeet Kune Do







Muito tem-se falado sobre Jeet Kune Do e muito se falará ainda,mas o próprio Bruce achava difícil definir seu estilo.Jeet Kune Do já foi apropriadamente chamado de "Estilo sem nenhum estilo" ou "usando nenhum modo como um modo".Lee havia estudado e combinado 26 artes marciais diferentes pra chegar aos resultados batizados por ele de Jeet Kune Do.
Critico da ortodoxia dos karatecas ou correntes tradicionalistas do kung-fu,Lee estudava escrima ou boxe com o mesmo interesse pelas artes orientais. Seu próprio exemplo é curioso: O filho Brando,á época da morte de Lee era um judoca. Não que Lee acreditasse na técnica defensiva do judô,mas pq o judô desenvolvia o contato corporal e para ele era importante saber lidar com o próprio corpo eo judô seria bem util á uma criança com seus golpes "agarrados".



Fazendo uma série de restrições e facilidades de definição,há um artigo do Dr. Jerry Beasley (Grande praticante de JKD)que procuram definir alguns pontos básicos do JKD que seriam:


a) JKD é uma arte multicultural.O praticante pode evoluir de uma armadilha wing chun pra uma luta de cotovelos tailandesa sem deixar de ser basicamente um atleta de JKD.

b) A série - ou distãncia de luta - é essesncial no JKD.
 "série", é um termo usado para definir a distância de combate entre você e seu oponente.
O controle da distância correta é um dos aspectos fundamentais e mais complexos de se dominar em combate livre,justamente pelo fato de que,qualquer ataque, para ser bem sucedido,é preciso estar na distância adequada e que permita que o golpe se desenvolva de forma natural e com pleno poder, isso sem definir a questão de "alcançe dos golpes" - golpes curtos ,médios ou longos.Qualquer erro de cálculo,pode tornar qualquer ataque inofensivo.O conjunto do uso correto do trabalho de pés, junto com movimentos oscilantes (usados para confundir o adversário),fintas etc., ajudará á dominar esse termo.Não é recomendado ficar numa distãncia ou numa só postura durante todo o combate,um alvo fixo sempre é mais fácil de ser atingido do que por um alvo móvel.A manutenção da distãncia deve ser sempre ativa,para que,vc possa confundir seu adversário,deixando-o sem noção da distância em relação á vc,enquanto vc tem a noção exata de onde vc mesmo está e de onde ele está,e dentro disso,escolher os melhores golpes,ou intuitivamente.

A idéia é permanecer numa distância onde:
1) Não tão perto que seu adversário possa o atingir com um movimento "em linha"( ou fora de linha)
2) Não tão longe que você não o possa atingi-lo com um pequeno avanço




c)Há cinco maneiras de ataque diante de um oponente,diretas e eficazes.


d) A preferência recai no indivíduo e não no instrutor."Minha verdade não é a sua verdade". "(um homem realmente bom jamais é doador da verdade e sim um guai,que o aluno terá de descobrir por sí mesmo" - B.Lee)
e) O meio ambiente deve ser considerado; Um lutador de TKD se lutar no gelo,escorregará se tentar seus chutes altos.No JKD,a questão é usar os melhores golpes para essa situação.


f) O lutador deve absorver o que é util e rejeitar o que é inútil: " A arte do kung fu não acumula,mas elimina,não importa quanto conhecimento vc acumulou,mas o que vc pode aplicar.Uma tecnica bem dominada é mais segura que mil delas aprendidas pela metade" - Bruce Lee





segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Inteligência marcial para segurança pessoal

Atualmente,as pessoas que buscam praticar alguma arte marcial o fazem por vários motivos.Dentre os quais,está o desejo de aprender técnicas de "defesa pessoal",termo esse que parece bem vago hoje em dia e eu explico: Geralmente - e independente da arte marcial escolhida - se é ensinado um bom número de técnicas com a finalidade de defender a integridade física e com um bom tempo de treinamento,um praticante de artes marciais,poderá se defender razoavelmente bem contra investidas em algum tipo de situação.Entretanto,numa situação de risco real e ameaça eminente,como por exemplo, um assalto á mão armada com mais de um meliante,ou onde se é exposto á um alto nível de stress emocional onde as condições não permitam uma atuação,qualquer reação se torna no mínimo,uma ação kamikaze,ou irracional.Profissionais do ramo sempre incentivaram a não reação em casos de violência urbana,por mais experiente que o praticante seja.Portanto,raramente a técnica aprendida será usada como modo de reação efetiva.

Isso não quer dizer que a arte que você esteja praticando seja ruim, inútil ou não preste,caso você se depare com uma situação como a descrita acima: A questão é como venho dizendo em conversas sobe esse assunto com os amigos nos últimos dias: "Depois que os chineses inventaram as artes marciais,logo inventaram a pólvora e ninguém mais passou a temer lutadores".De fato,é importante termos um olhar mais imparcial e realista sobre o assunto. Hoje em dia,seria ingenuidade demais,pra não dizer idiotice,uma pessoa procurar um kwoon,ou academia pra aprender "defesa pessoal"(assim mesmo,com aspas) pra logo depois sair dali,achando que poderá se defender contra tudo e todos,batendo em 20 marginais de uma só vez como um Bruce Lee pós-moderno.Então,como poderíamos utilizar nosso conhecimento em artes marciais de forma efetiva contra agressões e a violência urbana?

No Wing chun existe o conceito de inteligência marcial,onde através de atitudes preventivas,eu observo e me antecipo á uma possível situação de risco,evitando um conflito,uma agressão,etc,etc..O Wing Chun,apesar de ter sua estrutura fortemente calcada no tradicionalismo,é um estilo que acompanha as mudanças decorrentes ao mundo ao redor.Na prática do Wing Chun,podemos aprender á evitar situações de perigo,quando desenvolvemos a percepção sensorial e quando o foco de atenção é expandido através de vários exercícios e das formas.Aprender a se antecipar ao oponente é um dos fundamentos da arte de luta do Wing Chun,para que as chances de você ser atingido sejam minimizadas,do mesmo modo, é mais inteligente evitar chegar em uma situação crítica,onde suas chances serão quase zero, do que se arriscar desnecessariamente e a forma mais segura,ainda é a prevenção.

Mas ter uma atitude preventiva significa basicamente,estar atento.È importante ao andar nas ruas,por exemplo,tentar prever a trajetória das pessoas passando por você,evitando andar em círculos. O conceito da bolha,por exemplo,delimita uma distância que indica a aproximação de um potencial agressor,assim como podemos perceber pessoas que podem se aproximar de nós e que estejam fora do nosso campo de visão normal bastando observar a sombra no chão,bem como reflexos em vitrines de lojas,portas espelhadas e até em janelas de carros estacionados na rua.Entre outras atitudes pequenas e simples,mas que fazem toda a diferença.

Nas ruas, percebemos que as pessoas normalmente sabem mais o que não fazer do o que fazer para evitar serem vitimas da violência urbana.E quem pratica alguma arte marcial,é importante frisar desde sempre que o enfoque da aprendizagem do estilo seja a aplicação efetiva das táticas e do modo de pensar para a própria segurança.Assim,poderemos de fato utilizar a defesa pessoal.

Abaixo,uma reportagem interessante,exibida no jornal da record,onde é exemplificado a questão da aplicação dos conceitos de inteligência marcial para a segurança pessoal.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Desvendando alguns mitos sobre wing chun

Vamos dar uma "desmistificada" em alguns pontos que vem acompanhando a fama do Wing Chun durante as últimas décadas.O objetivo é esclarecer e apresentar ao público algumas perspectivas mais realistas e diferenciadas á respeito desta arte marcial,dentro do conhecimento que me foi repassado pelo meu ex - sifu adilson,aqui em recife,em meados de 1998,quando eu era aluno dele,e que também sirva de assunto para os praticantes discutirem da melhor forma os aspectos inerentes á nossa arte.

1) "O Wing Chun é uma arte marcial violenta e extremamente eficiente contra lutadores de outros estilos"

Resp.: A razão de haver tantos estilos diferentes de artes marciais e sistemas de luta desde o principio dos tempos é que cada um desses estilos tem seu enfoque em um aspecto em particular do combate,sendo - na falta de um termo melhor- "incompletas" ( reparem as aspas).Na realidade,o Wing Chun não é melhor ou pior que qualquer outro estilo de luta.Se tivermos um olhar mais  imparcial,iremos observar que toda forma de luta é violenta e isso não diz respeito á eficiência de determinado sistema/estilo.Assim,como temos grandes aikidoístas, karatecas ou judocas,também temos grandes praticantes de Wing Chun.A frase é batida mas sempre é conveniente:"Não existe arte marcial boa ou ruim.Existe lutador bom ou ruim".

2)"O Wing Chun usa mais as mãos que os pés."

Resp.: Os estilos de Kung fu provenientes do sul da china fazem maior uso das mãos que dos pés em relação aos estilos do norte,por diversas razões tanto históricas,geográficas e culturais.Mas isso é relativamente.O Wing Chun é riquíssimo em técnicas de pernas.Quando se pensa em técnicas de pernas,geralmente ás associamos aos chutes.Mas as pernas não servem somente para isso,mas também para deslocamentos,técnicas de cobertura, desequilíbrio,entre outras.As técnicas de pernas do Wing Chun,chamadas de Kui noi Gerk (os oito chutes de Wing Chun) ensinam oito conceitos diferentes de como utilizar as pernas em combate e não um número limitado de chutes.

3)"O Wing Chun é uma arte de pouca movimentação por que prioriza a simplicidade"

Resp.:Simplicidade nunca foi sinônimo de pobreza.O wing chun tende a priorizar técnicas que contenham objetividade prática, taticamente falando,utilizando a atuação pelo centro,para se chegar ao intento da forma mais rápida e desobstruída possível,utilizando a lógica biomecânica de forma apropriada.

4)"Chi sao é um exercício de luta".

Resp.:Chi sao é um exercício voltado para o desenvolvimento da sensibilidade e da percepção sensorial de sí, em relação ao oponente. Não há uma relação de "vencedor/vencido" no chi sao,pois sua prática é voltada para o desenvolvimento do contato com o adversário.Por isso,o chi sao deve ser  essencialmente praticado á dois,caso contrários.não teria sentido,seria como falar sozinho.Chi sao é um exercício para se chegar á luta,e não uma luta m sí.

5)"A linha central é uma linha que divide o corpo ao meio".

Resp.: "A linha central (Jung Sien) é uma das teorias fundamentais do estilo Wing Chun,junto com a teoria da oposição frontal( Doi Yeng) e a teoria da energia para frente (Jung Chi),tendo diferentes interpretações que variam muito de linhagem para linhagem.A afirmação acima é um tanto incompleta, mas a linha central pode ser interpretada como uma linha que sai do topo da cabeça e segue até o chão dividindo o corpo ao meio e uma outra linha,que sai dos ombros até a extensão dos braços á frente.Isso determina um plano e é nesse plano que o praticante e Wing Chun vai atuar.Esse plano e seus quadrantes podem servir de referencial para o que normalmente chamamos de "guarda".Em Wing Chun,não se defende a linha central,mas a cobre.Vai ser a cobertura desses quadrantes que vai impedir o ataque do oponente de prosseguir em seu caminho,incentivando ao praticante a analisar o combate a partir da menor distância entre ele e seu oponente.A linha central pode ser a menor distância do ponto "A" para o ponto "B".

6)"O Wing Chun ensina a se defender sem o uso da força".

Resp.:O Wing Chun por ter sido desenvolvido por uma mulher,propicia ás pessoas com menor porte físico terem chances reais em combate contra pessoas maiores e mais fortes.Mas isso não quer dizer que se possa se defender sem o uso da força.Temos que compreender que tudo na natureza é força,em suas diferentes formas de atuação.O Wing Chun ensina o uso inteligente da força,independente da compleição física.Sendo assim,uma pessoa que sabe como utilizar sua pouca força,pode suplantar uma pessoa de maior força que não sabe utilizá-la.Fala-se que o Wing Chun "envolve e redireciona a força do oponente contra ele",mas para isso,é preciso utilizar a própria força neste intento.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pequena analise técnica das 3 primeiras fases do wing chun

Siu Lin Tao.

Siu Lin Tao é a primeira forma/fase do sistema wing chun. Siu Lin Tao pode ser traduzido como "pequena ideia inicial" dependendo se sua versão.È talvez a mais importante de todo o sistema wing chun. Paradoxalmente,Siu Lin Tao não é uma forma que seja das mais apropriadas para demonstrações,por não haver movimentos de grande beleza plástica e além, disso,aos olhos do grande público,boa parte leiga no assunto,seu set de movimentações parece sem muito sentido.Isto se dá por que a maneira como sua movimentação está organizada não sugere uma sequência de ação, comumente vista nas formas de outros estilos de Kung fu,mas sugere conceitos que podem ser estudados em conjunto ou separadamente,além do que,cada movimento segue uma lógica onde cada parte se complementa entre si,formando um sistema,mesmo.O fato de se conseguir a compreensão da forma não significa necessariamente a compreensão da fase do treinamento,já que o praticante entra em contato com exercícios e treinamentos complementares,sendo a forma,parte integrante da fase de mesmo nome.

Siu Lin tao é uma forma curiosa,por não haver movimentação de base,tão tradicionalmente visto em outros estilos.A razão para isto é a ênfase na concentração e no desenvolvimento de ações sustentalvemente acertivas,para aplicação correta de energia,ou seja, a aplicação correta da força no movimento.Dentro disso, Siu Lin Tao incentiva a atuação pelo centro,de acordo com a teoria da linha central,que pode ser a menor distancia entre você e o oponente.Ao praticar a aplicação correta da energia,pode-se com movimentos curtos,ocupar a linha central de forma a impedir a penetração do adversário.

Chum Kiu

Chum Kiu é a segunda forma/fase do wing chun,pode ser traduzida como "Procurando a ponte" e assim como S.L.T., trabalha sua seqüencia em cima de conceitos da fase de mesmo nome.Um dos conceitos principais é o trabalho em conjunto  da tríade ombro,quadril,base atuando  durante a expansão do equilíbrio ao mover em vários ângulos a base antes estabelecida.Nesta fase,é de suma importância o contato com o adversário,para que se entenda o pensamento estratégico clássico chinês que incentiva o praticante a não atacar sem um fim estratégico definido e a ter consciência de sí em relação ao oponente. A atuação pelo centro também é enfatizada, mesmo durante movimento simultâneos.
Nesta fase,o praticante inicia o treinamento do chi sao, onde é mais perceptível a enfase dada ao contato com o adversário e o desenvolvimento humano.è importante ressaltar que o chi sao não é um exercício que ensine a lutar efetivamente,mas um exercício para se chegar á luta e que se fosse praticado sozinho ,seria como falar sozinho.
Chum Kiu dá inicio ao contato do praticante com formas e conceitos mais elaborados do sistema wing chun e sua aplicação em frente ao oponente

Biu jee

A terceira forma/fase do wing chun chamada Biu Jee pode ser traduzida como "padrão de bússola".Esta forma/fase possui três partes e finaliza a triade inicial do aprendizado do sistema,preparando para a fase seguinte muk jong, Luk dim boon kwan e bat jam dao.Biu Jee prioriza o retorno das mãos á linha central em diversos ângulos,trabalhando um dos principais aspectos do desenvolvimento humano,que é a capacidade de se recobrar após uma derrota,uma perda inesperada,para retomar a confiança antes perdida.Quando pensamos na bússola,que após agitada retorna o mais rápido possível para o norte,percebemos facilmente durante a execução do Biu Jee o conceito do retorno á linha central. O aprimoramento da sensibilidade energética em algumas linhagens é desenvolvida nesta fase com o exercício Chi Gerk,bem como a pratica continua do chi sao em sua forma avançada.
Biu Jee tem como meta transformar uma situação de desvantagem em uma oportunidade e ensina a atuar em conjunto a ocupação da linha central (Siu Lin Tao),mantendo-a( Chum Kiu) e Recuperando-a (Biu Jee).

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Inteligência estratégica




Considerado um legado da sabedoria em movimento,o sistema ving tsun é uma forma de cultivarmos a inteligência estratégica e sua linha de atuação é estruturada no pensamento estratégico clássico chinês.


A elaboração do pensamento estratégico clássico chinês teve grande influência  de sábios e estudiosos que viveram cerca de 2500 anos atrás,no período dos estados combatentes,na fase de pré-unificação da china.Nesta época,vários reinos se encontravam em uma violência desenfreada,onde o imediatismo e o pragmatismo eram alguns dos alicerces para a vitoria .Em meio á estes conflitos,surgiu um sábio chamado MENG TSU (Mencio) seguidor de  Kong Fo Tsu (confúcio) que defendia um conceito diferenciado para a época: o sentimento de humanidade,que é a perspectiva do outro,mesmo considerando a sua própria.Para alguns sábios,a temática da guerra não era mais de se impor ao oponente e sim compreendê-lo.


O maior expoente dessa forma de pensamento foi SUN TSU,autor de "A arte da Guerra",onde afirma que para não temer 100 batalhas,era preciso conhecer seu inimigo e a si mesmo.
Portanto,o desenvolvimento é uma questão de praticidade,não só uma questão moral, pois quando e conhece o outro,a relação torna-se construtiva,permitindo que se conheça a necessidade de quem está do lado oposto.
Nota-se também  que fatores externos aos contendores participam ativamente do final da luta.Assim, condições meteorológicas,por exemplo,possuem papel significativo no palco do embate.


Diz-se que o individuo que utiliza a estratégia para beneficio próprio é um manipulador, se usa a estratégia para beneficiar seu grupo,ele é um estrategista,mas se este individuo utiliza estratégia para beneficio da humanidade,ele é um sábio.Esta é a busca do sistema Ving Tsun.



sábado, 1 de janeiro de 2011

O que Yip Man me ensinou sobre velocidade






 Por : Duncan Leung

Recentemente, um conhecido me deu uma cópia do Qigong / Kungfu Magazine,
 a edição de março de 1999, que incluiu um artigo escrito pelo Mestre Ron Heimberger.
 Meu amigo não entendeu muito bem os princípios que o Mestre Heimberger estava 
tentando elucidar. Por causa da minha experiência como aluno privado de Yip Man,
 e meu envolvimento subsequente em Wing Chun Kung Fu, ele pensou que eu
 poderia ser capaz de lançar alguma luz sobre o assunto.
 Peço a indulgência do leitor para a minha tentativa de explicar o que
 Yip Man me ensinou.



Como o meu Inglês não é muito bom, eu li o artigo várias vezes.
Fico feliz que o Mestre Heimberger seja gentil o suficiente para tomar
 seu  tempo para educar o público. Se todos os instrutores de Wing Chun
 possuissem uma mente aberta como a dele, receptivo à razão
, e estivessem dispostos a ter o trabalho de explicar suas idéias e 
experiências para os outros, tenho a certeza que iria beneficiar
 a todos os interessados na arte. No entanto, existem algumas
 partes no artigo do Mestre Heimberger com a qual eu não concordo. 
Alguns pontos que o autor faz, são um tanto obscuros para mim,
 especialmente suas referências a Jacob Bronowski e Albert Einstein.
 Por exemplo, Mestre Heimberger menciona que Bronowski 
- comentando sobre a Segunda Lei de Newton - disse que a força é igual a massa
 multiplicada pela aceleração ao quadrado. Isso me confunde, porque,
 como eu o entendo, a segunda Lei de Newton afirma que  F = m.a,
 e não multiplicada pela aceleração ao quadrado.




Como o Sr. Heimberger discute velocidade no Wing Chun, gostaria
 de tomar a liberdade de partilhar a minha interpretação dos princípios
 e teorias sobre a velocidade com base no que Sifu Yip Man me ensinou
 e na minha própria experiência. Naturalmente, o que eu escrevo aqui 
é filtrado através das minhas próprias percepções e preconceitos, eu certamente
 não tênho a pretensão de falar para a família Wing Chun, e gostaria de 
receber a correção que é oferecido. Isso certamente iria me ajudar a melhorar. 
A minha esperança é que muitos adeptos do  Wing Chun irão compartilhar 
suas idéias com todos nós, não importa o que eles aprenderam. A experiência
 de usar as técnicas de Wing Chun no combate é o que conta. Afinal, 
nenhuma única luta é a mesma. Nós podemos sempre aprender algo novo,
 ou - ganhar ou perder - descobrir algo de cada encontro.


O que faz o estilo Wing Chun tão interessante é que a pessoa
 não tem que confiar na constituição física, mas em uma seqüência
 lógica de movimentos econômicos. Certamente, a velocidade é 
extremamente importante na luta. Entretanto, não importa o quão 
difícil se treina, há quanto tempo trabalha para melhorar, 
há sempre as limitações físicas. Você sempre pode encontrar alguém
 mais rápido do que você. Algumas pessoas simplesmente nasceram
 com mais talento. O Wing Chun permite uma possibilidade de 
superar a velocidade inerente de um adversário superior, aplicando
 os princípios da arte. Yip Man ensinou que no Wing Chun, há vários tipos
 de velocidade. Se você não consegue superar o seu adversário
 com um tipo de velocidade, você pode vencê-lo com outro.
 Em outras palavras, se você pode aplicar as teorias de velocidade
 do Wing Chun, você pode realmente se tornar mais rápido.
 A este respeito, há quatro áreas de interesse:


1. VELOCIDADE DE TRAVESSIA: Este é o tipo de velocidade que
 normalmente se referem, ou seja, um soco ou chute, a velocidade que a 
velocidade pode ser calculada em metros por segundo. Com a prática
 constante, haverá uma gradual melhora na velocidade do movimento.
2. VELOCIDADE DE DISTÂNCIA: a teoria da linha reta do Wing Chun
 simplesmente afirma que uma linha reta entre dois pontos é a distância mais curta. 
Portanto, perfurando em linha reta é mais curto e mais rápido do que um soco gancho
 ou um swing. Para trazer seu pé com um chute na cabeça cobre uma distância
 superior a um soco curto e mais rápido para a cabeça. É o mesmo que tentar
 dar um soco na a canela, ou seja, é muito mais curto e mais rápido para chutar a canela.
 Para usar uma analogia: se você e eu ficarmos na frente de um prédio e fazer uma
 corrida até a porta traseira e você ir ao redor do edifício, enquanto eu vou direto
 pela construção da porta da frente para a porta de trás, você pode ser o corredor 
mais rápido, mas eu posso chegar lá antes de você, porque eu tenho menos distância a percorrer.
3. VELOCIDADE DE LEITURA: Em uma posição de repouso, quando
 se tenta dar um soco pesado ou tenta chutar com força, é típico erguer 
para trás a perna ou o braço antes de executar o movimento. Isto não 
só telégrafa os movimentos, mas também desperdiça um tempo precioso
 em um movimento extra. No Wing Chun, o poder não é gerado apenas pelo
 movimento da mão ou na perna, por isso não há necessidade de erguer para tomar distancia.
 No corpo, um lado usa o outro para puxar de volta, girando para empurrar
 o soco ou chute simultaneamente. Por exemplo, se alguém vai dar um soco 
esquerdo, um poder inicia puxando o braço direito e ombro para trás tão 
rápido quanto pode, e ao mesmo tempo soca com a mão esquerda.
4. VELOCIDADE DE REAÇÃO: Em geral, as pessoas passam mais
 o seutempo praticando suas técnicas e suas formas sozinhas, até que eles 
são muito bons com todas as técnicas, mas no combate real a aplicação 
é ineficaz. Isso é como aprender a andar de bicicleta, sentando em uma 
cadeira movendo as as pernas e os braços simulando a experiência de
 bicicleta. Quando essa pessoa realmente tenta andar na bicicleta, 
certamente irá cair. Isso ocorre porque os reflexos adequados e sensação
 de equilíbrio não foram desenvolvidos. Ip Man costumava dizer que se você 
quer aprender a nadar, vá até a água, não apenas moa seus braços e pernas
 e pense que você é um nadador. Uma luta requer pelo menos duas pessoas.
 Você pode treinar e lutar com você mesmo durante todo o dia, mas se você 
não aplicar as técnicas com outra pessoa, você não irá muito longe.
O Wing Chun possui apenas três formas, depois de aprender e compreender 
a primeira forma, treine com  Chi Sau, que exige duas pessoas, é a partir
 do qual se desenvolve o sentimento de contato e reflexo. Depois, há os 
exercícios das técnicas que também exigem duas pessoas, quanto mais você
 trabalha com os exercícios, mês a mês, se tornam hábitos de natureza, em 
segundo lugar, quando um ataque vem você vai reagir a ele sem pensar. Uma 
luta acontece tão rápido, e você pode ficar irritado, zangado, despreparado
 ou até mesmo com medo, não há tempo para pensar.
Essas são as teorias do Wing Chun sobre velocidade que eu aprendi de Yip Man.




SiFu Duncan Leung

Techos do Livro:wing chun warrior, de Duncan Siu Leung

Capitulo 1

O Professor Humilhado

Virginia Beach
1993

O sapo no poço
井底之蛙
 (jing di zhi wa)
Zhuangzi (莊子, 350-286 A.C.)


   Zhuangzi foi um filósofo taoísta do Período dos Reinos Combatentes (475-221 A.C.), que usou fábulas, muitas vezes engraçadas, para transmitir lições de moral. Ele foi o principal descendente espiritual de Laozi (老子), fundador do taoísmo. O sapo no poço é um conto de Zhuangzi bem conhecido que adverte sobre a imposição de nossa perspectiva limitada sobre a vida.
 "Você está consciente”, Zhuangzi parece perguntar "da limitação imposta pela sua própria ignorância?”
veja a narração do professor Li Hon-ki, dita em suas próprias palavras, sobre seu encontro com Duncan Leung:

Eu era um fanático por artes marciais desde a minha adolescência, tenho estudado um conjunto de sistemas, incluindo vários estilos de Kung Fu. Em 1965, quando eu tinha 13 anos, comecei a aprender Zhou Jia (周家) e Hong Quan (洪拳)
Em 1968, Bruce Lee tornou o Wing Chun conhecido mundialmente, e como muitos de meus contemporâneos, eu mergulhei com entusiasmo.
Nos próximos três anos, eu aprendi com um instrutor de Wing Chun da sétima geração. Eu trabalhei duro e atingi um nível em que manipulava o homem de madeira, facas duplas e o bastão longo, Mas, eu sentia que faltava algo. Entre 1971 e 1973, estudei com mais três instrutores de Wing Chun, também da sétima geração, para garantir que eu havia aprendido tudo o que tinha para aprender.
Durante este período eu também aprendi Tai Ji Quan (太极拳), Tae Kwon Do e Karatê, o suficiente pra dizer; eu era versátil.Em 1973, ganhei a “Hong Kong Tae Kwon Do Open Championship”Em 1977, eu fui vice-campeão na “Hong Kong Kung Fu Association competition”. Eu estava confiante nas minhas capacidades e muito orgulhoso de mim mesmo.
Em junho de 1979 eu deixei Hong Kong e fui para o Brasil e começei a ensinar Kung Fu lá. Eu ensinei Hong Quan, Tai Ji Quan e Wing Chun.
Não demorou muito para me tornar um instrutor estabelecido. Além disso, eu continuei a minha própria aprendizagem.
Meu maior problema foi contra chutes. Pugilistas tailandeses são bem conhecidos por seus chutes violentos e paralizantes. Sem um treino especial para fortalecer as minhas pernas, eu não iria poder nem levantar se um Thai Boxer desse algum chute em qualquer parte das minhas pernas, naquele momento, eu senti a necessidade de aprender Thai Boxe porque Wing Chun mal tinha chutes ou o treinamento para fortalecer os membros inferiores. Mais tarde fui perceber como foi errado pensar desta forma.
Oyama Karate era bastante popular no Brasil, e assim como os praticantes de outros sistemas de artes marciais e estilos de Kung Fu, eles tiveram que aprender chutes de Muay Thai para poder ter alguma chance contra Thai Boxers. Eu aprendi as tecnicas de um praticante de Oyama Karate que veio a mim para estudar Wing Chun.
Durante os próximos cinco anos, eu pratiquei até poderquebrar uma madeira dois-por-quatro com as minhas canelas. Eu poderia suportar qualquer chute nas pernas, de qualquer estilo ou sistema, fiquei extraordinariamente orgulhoso dessa minha realização, eu sentia que poucos praticantes de Wing Chun poderiam se igualar a mim.
Em 1993, a crise financeira no Brasil me obrigou a deixar São Paulo e ir para Nova York. durante os próximos anos eu tive uma clínica de medicina tradicional chinesa lá, e o meu negócio floresceu.
Naquele ano, fui convidado para fazer uma demonstrar no
Campeonato Mundial de Kung Fu em São Francisco. O que poderia ser mais gratificante para o meu ego do que poder mostrar as proezas dos meus chutes diante do mundo? diantes de um grande público e com a cobertura completa da televisão, com meus assistente segurando firme um taco de beisebol perpendicular ao chão, com um único chute eu quebrei ele ao meio com a minha canela esquerda, nada mal para habilidades com chutes.
No entanto, havia uma pessoa que eu respeitava que não se
impressionava nem com minha proesa e nem meu kung fu - o meu irmão mais velho de Albert. Ele sugeriu que eu fosse me encontrar com um velho amigo dele na Virgínia.
Durante anos ele foi me contando sobre Duncan Leung e
sua magistral habilidade de arte marcial, francamente, eu já estava cansado de ouvir sobre esse cara, e se ele for da sétima geração de Wing Chun? Eu tinha aprendido não com  um, mas com quatro especialistas da sétima geração. O que mais alguém poderia me ensinar? Finalmente, desgastado pelo meu irmão persistência, mas muito cético, eu viajei com ele com uma certa relutância pra Virginia Beach, um balneario na costa da Virginia.
Fomos convidados a nos hospedar na casa de Duncan. No dia seguinte após a nossa chegada, eu acompanhei Duncan não a sua academia de Kung Fu, que era o objeto de minha visita, mas ao seu escritório, pendurado em torno das 9:00 da manhã até 5:30 da tarde. Sempre que eu mencionava Wing Chun, ele mudava de assunto, fiquei muito chateado, afinal, eu fiz todo o caminho de Nova York, pensando em artes marciais, e aqui ele não quer sequer discutir o assunto.
Duncan percebeu minha frustração. "O que você quer", ele
perguntou.
"Meu irmão me disse que você é um especialista em Wing Chun, e eu quero ver o que você sabe.”
Duncan não parecia muito interessado.
"O que você aprendeu?"
"Eu aprendi tudo, boneco de madeira,facas duplas e bastão longo".
"Você aprendeu tudo. Não há nada mais que eu possa te ensinar. "
"Por que não fazemos um Chi Sau?" Eu o desafiei.
Chi Sau ( ) é um exercício único do Wing Chun, em que
os praticantes melhoraram a sua sensibilidade em contato com um oponente.
O aspecto mais importante do treino de Chi Sau é cobrir as áreas expostas. Este é um grave equívoco, mesmo entre muitos instrutores de Wing Chun.
Eu tinha orgulho do meu Chi Sau. Eu ainda não tinha
encontrar outro praticante de Wing Chun que pudesse me supera-lo. Duncan podia ver como eu estava ansioso para exibir a minha habilidade em Chi Sau, e ele decidiu me dar a oportunidade de mostrar.
Ele se levantou de sua cadeira. Caminhou à frente de
sua mesa, e me chamou para levantar também, eu levantei
da minha cadeira e caminhei para a frente de sua mesa.
Assim que nossos braços se entrelaçaram, eu sabia que seria derrotado.

O antebraço dele se agarrado ao meu como serpentes entrelaçadas!
Em vão eu puxei e empurrei, sentindo nada!
Onde estava a minha percepção sensorial? Duncan olhou como se ele estivesse em transe havia um sofá atrás de mim no
escritório, e sempre que eu tentava puxar empurrar, eu era vergonhosamente jogado de volta para o sofá.
Duncan traiu nenhum sentimento de triunfo, de fato,Ele parecia completamente indiferente, exceto que deve ter sentido pena para dos meus alunos ao Brasil!
Será que ser jogado no sofá três vezes seria suficiente para me convencer que eu tinha encontrado meu mestre? Ainda não - Eu era teimoso.
Eu ainda tinha poderosos chutes no meu arsenal de truques.
"Duncan, seu Chi Sao é surpreendente, agora eu sei o que realmente é Chi Sao. "
"Esquece, estou certo de que existem outros caras melhores do que eu. "
"Eu sei que Wing Chun não tem quase chutes, você pode parar meus
chutes? "
"Você está certo, no Wing Chun não tem praticamente nenhum chute, os pés não são para chutar, eles são para quebrar. "
"O que você quer dizer?"
"Uma das técnicas mais difíceis do Wing Chun é dominar as habilidades de chutes. os chutes de Wing Chun são poderosos e eles quebram as pernas do oponente. "
"Eu não acredito nisso. Tente me mostrar”. Eu deveria ter percebido que estava arrumando problema, mas eu tive que mostrar a proeza dos meus chutes.
"Eu só te digo que vou quebrar sua perna, se você tentar me chutar. "
"De jeito nenhum!" Minhas pernas eram a minha obra-mestra. Elas quebravam bastões de beisebol.

Mudei para a postura de combate, enquanto Duncan só ficou
calmo com os braços atrás das costas (tal como testemunhou seu Sifu fazer em Hong Kong em 1955,  diante de um disafiante - ver Capítulo 12). no momento que eu balancei meu poderoso pé esquerdo para ele, o pé direito dele já estava lá para atender o interior do meu joelho esquerdo! Ele apenas o tocou, e eu perdi o equilibrio. Eu sabia que ele poderia facilmente ter quebrado.
"Eu quero que você seja meu Sifu, por favor, aceite-me ", eu humildemente supliquei.
"De jeito nenhum. Eu não posso aceitá-lo "
Eu sabia que era por causa da minha arrogância que ele tinha endurecido comigo,  eu comecei a implorar para Duncan, mas a sua resposta ainda era negativa.
"Enfim, você mora muito longe."
Nem meu irmão albert poderia mudar a mente de Duncan. Deixamos Virginia Beach e voltamos para Nova York, eu me sentia muito
pena de mim mesmo. Todos os anos de trabalho duro estudando Wing
Chun foram inúteis, o que eu aprendi? Duncan poderia quebrar meu joelho, forçando-me a ajoelhar-se diante dele e suplicar.
Talvez então ele me aceitou de simpatia.
Eu ponderei as ultimas palavras de Duncan: "Você vive
muito longe ", e me perguntei se essa era a minha salvação. Era isso! Eu ia viver tão perto que ele não teria nenhuma desculpa para me recusar novamente.
Determinado, fui ver Ma Man Nam, primeiro duscípulo de Duncan (ver Capítulo 25), para pedir o seu conselho, ele me contou sobre a cerimônia Culto especial do Sifu (拜師儀式 - ver Capítulo 6) e me ensinou como preparar. Fechei a minha atividade médica,e com a bênção de Albert, eu deixei Nova York e fui para Virginia Beach.
Dois meses depois do nosso primeiro encontro, Duncan
abriu a porta de sua casa para me encontrar em pé
lá segurando duas malas.
Ele ficou chocado. Mas ele percebeu o tamanho da minha determinação e aceitou ao meu pedido. Após anos de pesquisa, eu
Finalmente encontrei o meu mestre.
A Cerimônia do Sifu (Bai Si)foi tradicional, tendo sido ensaiada por Ma Man Nam, eu comprei incenso, arroz, vinho, pequenas xícaras de porcelana, uma urna, porco assado, o bi shi tie () e o envelope vermelho (Hung Bao). Após as três ajoelha e nove reverências, me tornei um discípulo da Oitava geração, Duncan Leung se tornou meu Sifu.
Quando fui pela primeira vez em sua academia, vi
seus alunos e discípulos fazendo sparring entre si, e
Eu estava ansioso para participar, mas Sifu me disse que eu não tinha chance contra eles. Para satisfazer a minha curiosidade, ele pediu a um garoto de 15 anos de idade, fazer sparring comigo.
Sifu estava certo. Eu não aguentava o seu bombardeio, pois eu não sabia como cobrir, fiquei ainda mais desmoralizado
quando ele me contou que o menino treinava com ele por apenas nove meses! Mas ele me disse que após um ano de intenso treinamento eu deveria ser muito melhor, porque eu ja tinha base sólida.
Durante os próximos dois anos, trabalhei e aprendi com a orientação do Sifu, o treinamento foi realmente intenso.
Tudo o que ele ensinava era tão diferente do Wing Chun que eu tinha aprendido antes, eu estava aprendendo Applied Wing Chun.
no fim de 1994, voltei para o Brasil, e
pela primeira vez na minha vida, interiormente me senti como um
homem. Sifu não se limitou a me ensinar apenas auto-defesa dele
Eu desenvolvi verdadeira auto-confiança e auto-estima, em
fato, o credo de Duncan Leung Wing Chun Academy é Confiança, Defesa, estima.
E não surpreende o fato de que, assim como meu Sifu foi, eu também era ridicularizado por outros professores que disseram que o que eu estava ensinando não era Wing Chun, mas eu podia perdoar sua ignorância, pois eu já havia estado entre eles, até que a sorte me mostrou o erro dos meus caminhos.
KIAI Kung Fu Magazine foi o mais popular publicação de artes marciais na época, a revista pediu para me entrevistar, e esta entrevista iria mudar minha vida.
Os temas abordados eram Kung Fu tradicional, medicina chinesa - o que inclui a arte do diagnóstico,acupuntura e ervas medicinais - e filosofia oriental. Durante a entrevista, eu também
Lancei um desafio aberto aos praticantes de Kung Fu e artistas marciais, especialmente os céticos de Wing Chun.
A entrevista chamou a atenção dos administradores da UNEB, Universidade do Estado da Bahia, que então me convidou para ensinar Applied Wing Chun nessa instituição. Mais tarde, eu iria trabalhar com a universidade na pesquisa de medicamentos fitoterápicos. Em 1996, fui convidado para a cadeira de professor titular em chinês, Medicina tradicional e Estudos Orientais, desde então, eu venho ensinando acupuntura, ervas medicinais, massagem, Qi Gong (气功) e Estudos Orientais na UNEB, na Bahia e filiais da Universidade de São Paulo e Rio de Janeiro.
Meus alunos foram vencedores em 1996 do campeonato mundial de Wushu em Zhengzhou (鄭州), Província de Henan (河南省)China, e em 1998 no campeonato mundial de Guoshu em Taipei.
Atualmente, atuo como Consultor e Instrutor Chefe para
Federação de Kung Fu do Brasil, e Diretor e instrutor do Comitê de Wushu Olímpico do Chile.
Eu continuo visitando meu Sifu e aprendendo com ele sempre que possível, geralmente no verão, agora eu percebo que ainda há muito o que aprender com ele, e eu só desejo ter tempo para estudar mais.
Como prova da minha estima por Sifu, eu ensino Applied Wing
Chun. Se eu tiver que usar uma palavra para descrever o meu Sifu de Applied Wing Chun, ela é: incomensurável!

Professor Li não tem vergonha de admitir a verdade - ele
Perdeu décadas aprendendo, praticando e ostentando conhecimento de artes marciais que simplesmente não funcionam quando
vem a aplicação prática, agora, ele confessa livremente
que era um 'sapo no poço admirando seu próprio coaxar.
Teve a sorte de ter finalmente encontrado um verdadeiro
mestre - em sua opinião um indiscutível gênio do Wing Chun
gênio.
Professor Li espera que sua história sirva de exemplo para prevenir outros sapos. Ele se considera sortudo de ter perdido apenas 28 anos de sua vida!um dia se descobre, como ele fez, que "o céu é muito maior do que a boca do poço, e um coaxar é audível apenas a si mesmo ".









Wing Chun Warrior - Chapter 10 - Yip Man And I 




Uma competição entre Wong Shen-Leung (黄淳梁 Huang Chun-Liang), representando o Wing Chun e um outro jovem, Ni Wo-tang (倪沃棠), representando o estilo "Garça Branca" (White Crane), que aconteceu em uma típica plataforma cercada por cordas. Quando o apito foi assoprado, Huang chutou primeiro, ele então seguiu com uma seqüência de socos, alguns dos quais ele acertou, Ni foi dando socos em Huang e foi sendo perseguido em torno do ring, o sangue escorria do nariz de Ni, mas Huang estava esgotada e cansado de persegui-lo. Finalmente, o árbitro parou o combate, declarando que a luta teve um empate, pois ambos os adversários tinham sangrado e foram feridos.
Foi um anticlímax para a luta mais divulgada na colônia.
Espectadores dispersos em decepção. A luta em si não impressionou ninguém, incluindo eu.

A imprensa aproveitou o evento, Reclamações e reconvenção foram publicadas. A competição, que deveria ter terminado em um empate, continuou nos jornais, Como resultado, surgiu uma certa inimizade entre Wing Chun e Garça Branca, que durou um longo tempo.
torneios não oficiais entre Wing Chun e outros estilos ocorriam com freqüência.
 Os resultados eram praticamente os mesmos - nunca havia claramente um vencedor e perdedor,basicamente, os adversários trocavam golpe e chutes.
 Os lutadores geralmente sangravam e tiravam sangue, ambos se feriam no final
da partida, os lutadores de Wing Chun sofriam também.
Depois de assistir a estes torneios, e vendo os resultados, tomei coragem e fui falar com Sifu.

"Sifu, eu quero sair do Wing Chun".
"Porquê?"
"É inútil".
"Seja paciente, em poucos anos você vai ser um bom
lutador, porque você tem talento. "
"Tenho acompanhado todas essas lutas. Meus irmãos mais velhos de Kung Fu têm aprendido e praticado todos estes anos e eles nunca vencem  as lutas de forma convincente. Eles podem vencer, mas eles são atingidos tantas vezes também. Se isto é todo o Wing Chun você vai me ensinar, eu estou parando. "
"Hung Chai, você quer lutar melhor?"
"Sim, Sifu.”
"Você tem dinheiro?"
"Sim." Eu respondi sem hesitar.
"Você pode pagar trezentos dólares por mês?"
"Eu posso pagar isso, mas por que eu deveria? "

Sifu então me mostrou algumas coisas e foi como se uma lâmpada tivesse sido acesa na minha cabeça. De repente, tudo fez sentido para mim, porque o que ele demonstrou foi tão lógico.
Mas Sifu ficou surpreso por uma criança poder na verdade entender.

Eu não tinha noção do que HK$300 representava. O que faria uma criança mimada de 13 anos de idade saber sobre o valor do dinheiro? Na verdade, trezentos dólares de Hong Kong por mês era um monte de dinheiro na epoca, mas eu não sabia até eu ficar mais velho. Essa era a época dos refugiados escapando por trás da cortina de bambu, muitos deles viviam em barracos nas colinas,eram inúmeros os mendigos, andarilhos e desabrigados. Ter qualquer tipo de trabalho era considerado sorte. Naquela epoca, uma amah (empregada domestica)que
limpava, lavava a roupa, cozinhava recebia apenas HK $ 30 por mês, um
 motorista particular que dirigia e limapva o automóvel, recebiao HK $ 80 por mês. Mesmo as escolas de empregados licenciados pelo Governo pagavam somente HK $ 180 por mês!

Cada um dos alunos regulares de Yip Man pagavam HK$8 por mês para aprender com ele. Perguntei ao Sifu o que ele ia me ensinar. Ele me contou sobre o soco de colisão (衝門搥) - como chutar, com força a partir da cintura e base. E o mais  importante, Sifu me explicou as teorias do Wing Chun de forma que fazia muito sentido para um menino de 13 anos como eu poder entender facilmente. Fiquei muito feliz quando eu fui para casa.

Eu mal podia esperar, e voltei a escola do Sifu no dia seguinte. Ele ficou surpreso por eu estar de volta tão cedo. E ele ficou ainda mais surpreso que eu fui com o dinheiro. Eu acho que ele olhou para mim como um presente dos céus. Não poderia haver qualquer dúvida de minha sinceridade e determinação.
E por trezentos dólares por mês, ele levaria tempo e teria a paciência para me explicar e entrar em detalhe e me certificar de ter aprendido.
Após o ritual de três ajoelhadas e nove reverências me tornei seu discípulo formal e começei a aprender Wing Chun Kung Fu de verdade. Sifu me ensinou e sempre me corrigiu.
Nós fomos para trás e para frente até que eu descobri a melhor maneira
da aplicação das técnicas.

Durante os próximos quatro anos, aprendi tudo sobre como aplicar Wing Chun. Eu era rápido emaprender e eu Mergulhei na prática, com média de seis horas por dia, eu esgotava ele, sendo muito agressivo sobre a aquisição de seus conhecimentos. Nossa relação foi além de Sifu discípulo, ele era como um pai para mim, eu acho que foi quase como uma experiência para ele - um desafio, como Eliza Doolittle foi para Henry Higgins no filme My Fair Lady. Mas a nossa união era estritamente artes marciais: nenhum de nós tinha qualquer interesse em discutir outros temas.

Sifu era um homem muito agradável. Ele não dizia não para qualquer um que lhe fizesse uma pergunta, relacionada ao Kung Fu ou não. Suas respostas, apesar de não serem necessariamente diretas, eram sempre positivas e encorajadoras.
Mesmo antes que eu comecei a estudar com ele, eu poderia não deixar de notar que vários alunos realizaram as mesmas técnicas de forma diferente. No entanto,  Sifu sempre dizia aos alunos que eles estavam corretos e que "apenas continue praticando". Assim, cada aluno passou a acreditar que o jeito que ele estava praticando era o caminho certo. Quando um aluno perguntava, ele sempre respondia com uma pergunta:
"Bem, o que você acha?" Não importava qual era a resposta, ele sempre dizia "Sim, você está certo. Excelente! "
ou 
palavras com esse efeito. Eventualmente, houve contendas entre os estudantes de alto nível cujos movimentos e técnicas estavam corretos e eficazes, porque Sifu tinha dito a cada um que estavam certo.
"Sifu, como é que os mesmos movimentos e técnicas são realizados de forma diferente por cada um de nós? "
"Você é muito jovem para entender o porquê, direi quando ficar mais velho. "
Essa foi a resposta que eu tive naquele momento!


Ainda assim, os boatos circularam entre os alunos seniores que Yip Man retia na fonte de conhecimento de seus alunos para manter a sua superioridade. Se ele ensinasse tudo, então não haveria nenhuma diferença entre ele e seus alunos.
A palavra era que ele estava protegendo o seu sustento. Alguns de seus alunos  já haviam aberto escolas de Wing Chun a uma curta distância da sua, a concorrência era direta com ele. Ele cobrava oito dólares por mês, e alguns dos seus alunos estavam cobrando menos a disputa por alunos era feroz.
 Desde que Yip Man foi o Sifu de todos eles, aqueles que poderiam pagar oito dólares iriam estudar em sua escola, aqueles que poderia pagar menos iam para seus alunos. Oito dólares de Hong Kong foi considerado uma grande soma de dinheiro, então, quando trabalhava fazia cinquenta ou sessenta dólares por mês.

Uma vez perguntei ao Sifu: "Será que os alunos seniores aprenderam tudo de você?" Ele encolheu os ombros e respondeu:" Eles já dão aulas, e têm suas próprias escolas, eles não precisam mais vir até a mim. "



 fonte: (wingchunwarrior.blogspot.com)