Sifu
Monnerat (Moy Ka
Lai To) È discípulo de segunda geração de Grão Mestre Moy Yat e reside
atualmente em Niterói - Rio de Janeiro. Atuante no campo das artes marciais
tradicionais chinesas desde a década de 80, SiFu Monenerat com um trabalho
pioneiro de EAD ( Ensino á distância) tem desenvolvido novas formas de
transmissão do sistema Wing Chun (Ving Tsun) se valendo da tecnologia e da
internet como complementos desse intento.O blog do Dido o entrevistou durante o
correr dessa semana e você confere agora como foi esse papo....
Blog do Dido: Gostaria de que o sr. nos contasse como o Wing Chun ( Wing Chun)
entrou em sua vida e como e quando o sr decidiu seguir dedicadamente a este
estilo de gung fu. Como era praticar a arte naqueles primeiros anos?
S M) Aos 8 para
os 9 anos de idade, fui apresentado por
um amigo, que então passou
naquele momento a ser meu “Kai Siu
Yan”, ao Si-mun de meu primeiro
Sifu de Wing Chun, Sr. Lee Tat Yan,
nascido em Chung San (província ao
sul da china), que foi aluno de Lee Sing
em Hong Kong e Lee Sing de Lok Yiu.
Sobre Lok Yiu, acrescento que
em 1950, Ip Man fundou sua família em
Hong Kong, na Tai Nam Street. Leung Sheung
e Lok Yiu foram os seus primeiros
discípulos desse grupo.
Assim
iniciei meu primeiro contato com a arte do Wing
Chun, mesmo não sabendo do que se tratava, pois meu Sifu falava pouco português, e o Sistema Wing Chun não era muito
conhecido naqueles tempos no Brasil, isso já era meados de 1982 (33 anos
atrás). Meu Sifu não era de falar muito e achávamos que Wing Chun era uma
técnica dentro do Bak Sil Laam (Shao
Lin do Norte) da qual ele também ensinava.
Segui com Sifu Lee até o fim da vida dele, que se
deu em 1996/97 , porém nesse período meu Sifu interrompeu suas atividades por
cerca de 5 anos e por esse tempo fui aluno direto e pessoal de Marco Natali,
quando auxiliei o mesmo na fundação da Fraternidade Kung Fu aqui em Niterói,
onde ele viveu por algum tempo. Após
retornar ao Sifu Lee Tat Yan, pude
completar todos os domínios do Wing Chun(1991/92).
Meu desejo
de manter o Wing Chun como a única arte para dedicar minha vida, foi pelo fato
de ter desistido do meu exame de Faixa Preta de Kick Boxing com Mestre Alfredo
Apicella (7º.dan - Itália) e do exame de Faixa preta de Shuai Shiao com Grão Mestre Daniel
Weng(china), e Muay Thai, estilos estes que me dediquei por anos,
concomitante com os estudos de Wing Chun, pois meu foco nesse período foram as
competições de Kick Boxing que eram bem promovidas, porém não desmerecendo
essas artes, pude encontrar no Wing Chun
meu caminho marcial. Nesses anos
de 80 a 90, a prática era sempre norteada e direcionada para as competições,
neste tempo participávamos de Torneios Abertos de Kung Fu, onde praticantes de
outras artes, tais como Karatê Kiokushin Kai Kan, Tae Kwon do, e diversos
outros estilos chineses disputavam medalhas e troféus em regras sem proteção,
usávamos ataduras nas mãos, e pagávamos caro com isso, com cortes no rosto que
necessitavam de pontos, eu mesmo levei 8 pontos no saco escrotal.
Blog do Dido; O sr. poderia nos ressaltar quais os aspectos mais
evidentes no seu modo de transmitir o sistema wing chun?
S M) Essa pergunta é muito especial, pois tal qual transmitiu meu Sigung Moy Yat, um aspecto muito importante sobre a Transmissão do Sistema Wing Chun. Isso está ligado diretamente ao conceito de formação completa do praticante de Wing Chun, que nasce da idéia da extensão constitutiva do desenvolvimento humano, que se realiza em duas dimensões: a primeira no próprio praticante de Wing Chun, enquanto tomada de consciência de si mesmo através do outro; e a segunda fora do praticante, sendo a extensão em direção aos outros, do mais próximo ao mais distante.
S M) Essa pergunta é muito especial, pois tal qual transmitiu meu Sigung Moy Yat, um aspecto muito importante sobre a Transmissão do Sistema Wing Chun. Isso está ligado diretamente ao conceito de formação completa do praticante de Wing Chun, que nasce da idéia da extensão constitutiva do desenvolvimento humano, que se realiza em duas dimensões: a primeira no próprio praticante de Wing Chun, enquanto tomada de consciência de si mesmo através do outro; e a segunda fora do praticante, sendo a extensão em direção aos outros, do mais próximo ao mais distante.
Inspirado nas funções-chaves Toi (Impelir) , Kap (Atingir) e Kwong
(propagar) do texto clássico do confucionismo Mong Ji, o conceito de formação completa engloba a Mobilização
Intrapessoal (no próprio praticante) e Interpessoal (fora do praticante), sendo
esta última dirigida para o mais próximo (direta) e para o mais distante
(indireta).
Porém não sigo um Método de
transmissão e tampouco um Não-método, como já dizia meu Sibaak gung Lee Jun Fan
(Bruce Lee) e sim ter todos os métodos!
Porém Grão-mestre Moy Yat nos
direcionou e nos mobilizou para a compreensão da Excelência Estratégica: Fazer bem de modo fácil para fazer sempre
melhor!
A viabilização da excelência
estratégica tem seu início na ênfase do que é chamado de formação completa do
ser humano, como citamos acima. Isso resume em parte nosso método de
transmissão, onde a contribuição de uma pessoa para a humanidade demanda muito
mais do que aprender algo para si, mas de mobilizar outrem a aprender e ir
além: mobilizar o outro a mobilizar um terceiro a aprender.
A partir dessa idéia,
compreende-se quais relações familiares são valorizadas no Sistema Wing Chun.
Na linha direta descendente: seu todai e
seu tosuen. E na direta ascendente: seu
Sifu, seu Sigung, seu sitaigung e seu sijo.
Toda a metodologia de transmissão
deve respeitar as Fases de Aprendizado Sau
(aceitar), Pow (examinar) e Lei (separar). Onde os 4 fatores de
monitoramento é utilizado em nossa “ maneira de transmissão: Wai Jih, Koi Lei, See Kan e Lek Do. Explicar
mais sobre isso demandaria mais tempo e terei o prazer de explanar em outra
ocasião ou pessoalmente.
Mas isso tudo tem a ver com o que
reza um Kuen Kuit , que diz: WING CHUN
CHUEN CHING TONG.
Blog do Dido: Em sua opinião, como o sistema
wing chun poderia ajudar ás pessoas em seu desenvolvimento social, nas
relações interpessoais e no desenvolvimento pessoal do praticante? Como o
gung fu pode ser expresso e como o gung fu de um praticante pode ser
aperfeiçoado neste sentido?
S M) O Sistema Wing Chun pode e tem ajudado em
muito o desenvolvimento do homem e da mulher em vários segmentos da vida, mas
para que eu possa colocar aqui como (?)
o Sistema Wing chun faz isso, eu precisaria falar um pouco sobre a Aprendizagem
proativa e a relação com o
desenvolvimento humano na cultura chinesa, que se dá quando o sistema é
corretamente direcionado.
O processo conhecido hoje como Aprendizagem
Proativa tem sido valorizado desde os primórdios da civilização chinesa, cuja
cultura foi pioneira na maximização do desenvolvimento humano.
O
primeiro registro escrito desse processo pode ser encontrado no capítulo
denominado “Reflexão sobre o Princípio” – em chinês, Si Chi (Si Shi)
- do Clássico Do Tak King (Dao De Jing / Tao Te Ching),
escrito 2.500 anos atrás. Esta passagem, traduzido por Thomas Cleary, um Ph.D.
em Línguas e Civilizações do Leste Asiático da Harvard University, diz o
seguinte:
Plan for
what is difficult while it is easy, do what is great while it is small.
The most
difficult things in the world must be done while they are still easy, the
greatest things in the world must be done while they are still small.
For this reason sages never do what is
great, and this is why they can achieve that greatness.
[Planeje
o que é difícil, enquanto for fácil, faça o que é grande enquanto for pequeno.
As coisas mais difíceis no mundo devem ser
feitas enquanto elas ainda são fáceis.
Por esta razão os sábios nunca fazem o que é
grande, e esta é a razão pela qual eles podem alcançar tamanha grandeza.]
Ao longo da história da
China, a Aprendizagem Proativa era considerada o processo da verdadeira
maestria, conforme ilustra o conto abaixo, destacado por Cleary como o mais
significativo para representar a essência da consagrada obra Sun Ji Peng Fat
(Sunzi Bingfa / Sun Tzu Ping Fa), conhecida por nós como “A Arte
da Guerra”:
Certa
vez, um lorde da China Antiga perguntou para seu médico, um membro de uma
tradicional família de médicos, quem era o mais competente de sua arte. O médico, cuja
reputação era tamanha que seu nome tornou-se sinônimo da ciência médica na
China, respondeu:
- Meu irmão-mais-velho vê o espírito da
doença e elimina-o antes que ela tome forma, por isso seu nome respeitado
dentro de nossa própria casa. Meu irmão logo abaixo dele cura o doente quando a
doença ainda é diminuta, por isso seu nome é respeitado em toda nossa
vizinhança. Quanto a mim, faço punções,
prescrevo poções e massageio a pele, por isso que meu nome é respeitado entre
os lordes e admirado em toda China.
Na Dinastia Ming (1368-1644), a Aprendizagem
Proativa continuava a ser valorizada como um processo ideal de excelência, a
ponto de um crítico afirmar que a compreensão da mensagem da narrativa acima
seria “essencial para líderes, generais e ministros para dirigir nações e
comandar exércitos”.
Minha percepção como
praticante de Wing Chun a respeito da história descrita a pouco identifica o
grande desafio do processo da Aprendizagem Proativa: mobilizar-nos a valorizar no presente um fator que só será importante
no futuro. Por isso, o irmão-mais-velho do famoso médico, ainda que um
mestre fabuloso, pois não precisava nem atuar para exercer sua profissão, só
era valorizado em sua própria família. Quanto a ele, que explicitava sua
prática, era sinônimo da ciência médica na China.
Por essa razão, compreendemos que nossa
missão ao transmitir esta inusitada Arte Marcial Chinesa, no quesito
desenvolvimento social e humano é
promover a importância deste importante processo de aprendizagem, buscando as
condições necessárias para mobilizar as
pessoas a elaborar estratégias cujos objetivos
estejam harmonizados com as tendências vindouras, de modo a beneficiar o
desenvolvimento dos sistemas em que a humanidade está inserida.
E em se tratando de Sistemas, entra aqui o Wing Chun como
Sistema e não método ou estilo. Pois o acompanharmos a manifestação de sistemas
bem-sucedidos, descobriremos que um tipo diferente de criatividade se manifesta
em cada fase.
A primeira fase inventa ou forma o padrão original, criando a
partir da desordem um padrão ordenado.
A segunda fase aperfeiçoa de modo cumulativo e constrói a partir
do padrão repetitivo; modificar e estender se torna, ao lado da rejeição do que
não se enquadra, a norma.
A terceira fase rompe o padrão e integra diferenças por meio da
abertura do sistema e da inovação, incorporando o novo e o diferente.
Inventar, aperfeiçoar e inovar exprimem os diferentes tipos de criatividade
naturais e apropriados às três fases.
De forma que me ser indagado pelo Blog do Dido sobre a questão do
desenvolvimento social, relações interpessoais e o desenvolvimento pessoal do
praticante de Wing Chun, não posso deixar de citar o estudo desses padrões que
fazem parte do Wing Chun e da cultura que o desenvolveu.
Para que percebamos os padrões de conectividade,
manifestando os tipos de criatividade mencionados, é preciso adotar uma conduta
específica para a respectiva fase. A este comportamento chamamos de Conduta de Conectividade. Segundo
Grão-mestre Moy Yat, elas são:
·
Sau, onde a conduta
de aceitar permitirá perceber os padrões de conectividade fundamentais. Sau leva-nos a um
incrível caminho de descobertas, enquanto exploramos de modo divergente o nosso
ambiente. Ao ignorarmos esta conduta de conectividade, corremos o perigo da
resistência, comportamento que impedirá a criatividade necessária para esta
fase, repleta de elaborações e invenções, onde a criação parte da aparente
desordem dos padrões. Land (1990) mencionou que, na primeira fase, a orientação
não é a de fazer alguma coisa certa em função de uma escolha consciente, mas de
fazê-la em decorrência da obediência. Esta afirmação fez-me recordar das
palavras de Grão-mestre Moy Yat (1997) que, enquanto discorria sobre este
tópico, traduzia o caractere Sau como “obedecer”.
- Pow, onde a conduta de examinar permitirá a
exploração de um conjunto específico e organizado de possibilidades, sendo
eliminado o que não funciona. O crescimento ocorrerá por meio da extensão
da igualdade, constituindo com os outros, vínculos e laços baseados na
semelhança. O âmago será a extensão de padrões de conectividade por meio
da melhoria, da modificação ou da reprodução. Durante esta fase, serão
estabelecidas fronteiras e regras claras, mas com ênfase na auto-expressão
da personalidade individual. Agiremos por nós mesmos, assumindo
responsabilidade sobre nossos atos e resolvendo situações. Nesta fase,
florescerá nossas capacidades particulares. Ao ignorarmos esta conduta
corremos o risco da passividade, comportamento que impedirá a criatividade
necessária para esta fase.
- Lei, onde a conduta de libertar-se
permitirá o rompimento dos padrões presentes, desaparecendo os antigos
limites e fronteiras. A conduta de conectividade Lei propiciará
passarmos pela dinâmica da desestruturação, permitindo a entrada do que
antes fora excluído, e pela experiência da abertura ao enriquecimento
mútuo que vem do compartilhamento das diferenças. Será através do Lei
que modificaremos nossa visão para perceber que todas as coisas se
expandem ou se limitam pela maneira como se relacionam no mundo
circundante. Ao ignorarmos esta
conduta correremos o risco de ficarmos presos aos padrões anteriores que
limita qualquer sistema.
E para ajudar mais sobre a questão de como o Gung Fu pode ser expresso
e aperfeiçoado, conforme esta questão muito bem elaborada pelo Blog do Dido,
que aliás diga-se de passagem, formulou questões muito inteligentes e expresso
aqui minha admiração.
Portanto o aperfeiçoamento do Gung Fu se dará dentre tudo que foi
explanado acima, mas utilizando um processo ou método de exercitação denominado
de Saam Faat (Vida Kung Fu).
Um dos grandes desafios dos mobilizadores de
desenvolvimento humano é que a Aprendizagem Proativa não pode ser ensinada, mas
só aprendida.
Eu, como Tosuen de Moy Yat, estava presente
e me lembro bem quando meu Sigung, nos deu uma aula bem detalhada sobre o Sam
Faat e sobre os conceitos que vou colocar abaixo.
A Conduta que falamos necessita de uma série
de condições para ser exercitada. Neste contexto, o Método da Emoção (Saam Faat),
também conhecido por “Vida Kungfu” é o método ideal de exercitação da
Aprendizagem Proativa, consagrada por mobilizadores de várias gerações, com o
objetivo que promover as condições necessárias para a percepção individual dos
padrões de conectividade. Baseado na Relação Mestre-Discípulo e na Relação de
Irmandade, envolve conceitos como:
Pum Sam (Mente Original). É o estado puro da emoção que tudo o sabe e aceita. Contudo, no momento em que
vivencia a primeira informação após o nascimento ele começa o processo de Yip
Sam.
Yip Sam (Mente Encoberta). É o processo inevitável de acúmulo de
informação que culmina com a incapacidade de um processamento compatível à
quantidade da mesma. Infelizmente, os chamados meios formais de Educação tem
demonstrado suas limitações aos novos desafios do mundo globalizado, onde a
velocidade de informação atingiu níveis inimagináveis.
Ming Sam (Mente Brilhante). É o processo de desenvolvimento do
potencial de processar informações, através dos padrões de conectividade,
vivenciados na Aprendizagem Proativa. A ênfase neste processo não é provermos
alguém de mais informações, mas sim mobilizá-lo a desenvolver a percepção sistêmica,
retornando ao estado de Pum Sam. Assim a Aprendizagem Proativa promove o
resgate da supraconsciência, através da experiência significativa dentro das
fases de evolução de um sistema em particular.
Fut Sam (Mente Desperta). É o processo de retorno ao Pum Sam
que ocorre através da transcendência do Ming Sam. Ainda que impossível
de ser descrito, este processo já foi vivenciado anteriormente por todo ser
humano. É quando o estado emocional está livre para identificar a conectividade
entre cada fato de um cenário.
Blog do Dido; O sr. poderia nos contar quais são os aspectos mais importantes do sistema wing
chun enquanto arte de combate?
Provavelmente a simplicidade é um dos aspectos que considero mais
importante no Sistema Wing Chun. Patriarca Leung
Jan, certa vez deixou registrado o seguinte: “Passei a vida toda tentando simplificar mais o Wing Chun... e não
consegui.”
Enquanto muitos tentam acrescentar coisas, pensando no que esta
faltando, Leung Jan buscou a simplificação. É comum dizer que o Sistema Wing
Chun tem apenas 1 soco e 1 chute e nada mais. Mas se formos analisar em termos
quantitativos o Boxe Inglês é ainda mais simples que o Wing Chun!
O que quero ressaltar aqui é que o que faz o Sistema Wing Chun enquanto
arte de combate, ser considerado eficaz e de boa referência no meio marcial, é
a estratégia sistemática e os conceitos por trás dos Jiu Sik (técnicas especiais) tradicionais do Sistema Wing Chun. O
que fica muito difícil de ser explanado aqui em texto.
O termo em Chinês, no dialeto cantonês, para
referir-se a Simplicidade é Tang Son, onde Tang representa simples em
quantidade, enquanto Son quer dizer puro em essência. Portanto, Tang diz respeito a Simplicidade Quantitativa,
enquanto que Son representa a Simplicidade Essencial.
A Simplicidade Quantitativa tem como idéia
central “o mínimo suficiente”. Sem dúvida, a preparação da ação, neste momento,
requer uma atenção especial, pois quanto mais favorável uma circunstância, o
suficiente será cada vez mínimo. Assim, o mínimo poderá variar conforme cada
situação, devendo a percepção sistêmica determinar o quanto será suficiente.
A Simplicidade Essencial está ligado com a
“pureza”. O puro está ligado com o total, a plenitude, onde a intensidade
máxima para cada situação deverá, a exemplo da Simplicidade Quantitativa, ser
determinada pela percepção sistêmica. A pureza máxima que não seja em
quantidade mínima não resultará num todo equilibrado, impedindo assim sua
unidade.
O Princípio da Simplicidade é consagrado pelo desprendimento
quantitativo mínimo e qualitativo máximo dos fatores de monitoramento (posicionamento, distância, timing e energia)
para alcançar, com a mais pura clareza,
um objetivo específico, a partir de uma determinada condição.
Assim a expressão do Wing Chun está em apenas 1 soco ou 1 chute
simbolicamente, pois todos os conteúdos do Sistema levam o praticante a
encontrar em combate a eficácia em usar o mínimo de recursos, que sejam eles
apenas 1 soco, então que esse soco seja explorado ao máximo em termos de:
Wai Jih - Posicionamento
Koi Lei - Distância
See Kan - Timing
Lek Do – energia
Quando vemos praticantes de Wing
Chun em condições deploráveis e desvantajosas em combate, comumente vistos
na Internet, não culpo o Sistema Wing
Chun por isso, pois o Sistema é perfeito em si mesmo, a imperfeição está no
homem e na metodologia de transmissão que se usa para transmitir o Sistema Wing Chun enquanto Arte de Combate,
enquanto se apresenta uma situação de competição, MMA , Vale Tudo ou seja lá
qual for as terminologias modernas dos esportes de combate.
Porém é
bom lembrar que existe uma diferença entre ARTE DE COMBATE( Artista Marcial)
e ESPORTE
DE COMBATE (Atleta Marcial).
Qual deles
estamos nos referindo? Qual deles praticamos?, ou melhor para qual deles
direcionamos nosso Wing Chun?
Pois um é
COMBATE SIMBÓLICO e o outro é COMBATE REAL (Vida ou morte envolvidos).
Wing Chun foi concebido na origem para o Combate real, assim como muitas artes
guerreiras do oriente, porém atualmente direcionado para o Esporte Marcial,
necessita de ajustes em um treinamento apropriado de condicionamento físico
esportivo e ajustado as regras da competição.
O Wing Chun é simples e eficaz, a
diferença está no atleta e o seu preparo, ele definirá a eficácia ou não da
luta.
Blog do Dido: Conte-nos um pouco sobre seu trabalho de ensino á distância. Como ele
se dá? Como as pessoas podem ter acesso e o que elas podem esperar?
S M) Nosso
trabalho de EAD – Ensino a Distância de nossa Arte, começou da necessidade e da
solicitação dos próprios membros, de um material, preferencialmente em Vídeo,
mas também contendo textos esclarecedores e informativos , não somente os
conceitos e cultura da arte do Wing Chun,
mas também de um material em vídeo que pudesse relembrá-los dos detalhes ora
praticados e estudados nas Sessões Presenciais, seguindo a Listagem Integral do
Sistema Wing Chun, tal qual meu Sigung recebeu em alto grau de seu Sifu, Ip Man.
Atualmente,
o aprendizado se dá de forma simples, onde o estudante realiza seu cadastro
online e adquire os ebooks, de preferencia seguindo a ordem sistemática
sugerida, e sendo ele incentivado a ter um amigo, parente ou parceiro que possa
seguir as lições contidas nos ebooks. Os
ebooks seguem um formato de DWB – Digital Web Book de ultima geração, com
registro feito em nome e CPF do aluno e Digitalmente Registrado e Ativação pela
nossa Central de Ativação Online nos USA, que fornece uma chave de ativação e
Certificado Digital para Instalação na Máquina do aluno (Ambiente Windows
apenas).
Estamos em
breve inaugurando além dos eBooks, as WEB AULAS www.wingchun.com.br/aulas-on-line-de-wing-chun , onde o aluno que já estuda nos eBooks (Offline)
os detalhes, poderá ter acesso a 1 Aula por semana em tempo real comigo, tirando
dúvidas e esclarecendo pontos importantes através de um Sistema de
Videoconferência dos mais atuais do mercado. O Aluno necessita apenas de um PC
com banda larga e webcam.
O acesso ao
aprendizado requer um Cadastro em nossa Loja Online e no Portal Nacional do
Wing Chun nos endereços: www.cursodekungfu.com.br e www.wingchun.com.br
O Aluno
poderá optar em adquirir os ebooks um por vez à medida que tem disponibilidade,
ou se tornando um Membro Mensalista, onde ao pagar um Mensalidade via Boleto
bancário, enviado mensalmente para seu endereço físico e digital(e-mail). Desta
forma o aluno receberá todos os meses 1 ebook para seus estudos continuados e
terá gratuitamente Sessões Presenciais em nossa Sede da Moy Ka Wing Chun em
Niterói RJ em uma visita previamente agendada.
Sobre o que
se pode esperar dessa forma de aprendizado, é quase tudo menos, esperar se
formar com um Profissional Qualificado, Se tornar um Instrutor ou Mestre como
se tem visto por ai. Por exemplo, já há alguns anos temos escolas no Estado da
Bahia que oferece a venda de uma pilha de DVD e juntamente com eles, o
certificado de Instrutor, num pacote só, e para nossa surpresa, esses
Certificados possuem em torno de 4 assinaturas de supostos Mestres e cada um
deles com o meu Carimbo Pessoal feito pelas mãos de meu Sigung Moy Yat, além do
símbolo da Associação ter no centro também o meu Carimbo. Lamentável, pois que
o fez não conhece a língua chinesa e sequer os rudimentos básicos de um Mun Pai
e passam a enganar e ludibriar muitos brasileiros
Desta forma,
nosso objetivo não é graduar ou formar ninguém via eBooks (à distância) e sim
SUPLEMENTAR o conhecimento daqueles que assim desejam e que acham que minha
experiência pode agregar algo mais e colaborar com a disseminação do Sistema
Wing Chun dentro dos patamares que meu Sigung, discípulo direto de Ip Man Chung
Si, recebeu.
Blog do Dido; Qual a importância do ensino tradicional do sistema wing chun nos
dias atuais? Mesmo com tantos recursos facilitadores como a internet, o senhor
acredita que o ensino tradicional ainda é a melhor via de aprendizado?
S M) Certamente
que o ensino tradicional ainda é e sempre será a melhor via de aprendizado,
pois somos partidários da experiência significativa provida pelo que chamamos
de SAAM FAAT (Kung Fu Life) tão propalado por nosso mentor, Grão-mestre Moy Yat
e segundo ele, 95% de todo o aprendizado vem do Saam Faat e apenas 5% vem da
Técnica, ou seja do treinamento dos conteúdos tradicionais do Wing Chun.
Vemos hoje
pessoas muito imaturas com o entendimento do Sistema Wing Chun, justamente
porque não tiveram esses 95% e sim apenas 5% providos pela técnica.
O grande
problema que vejo hoje com esses recursos facilitadores da grande rede digital
é que (e não é culpa da internet) os internautas acabam por captarem uma
enormidade de diferentes ramificações e interpretações do Sistema Wing Chun,
ainda que precocemente, montando assim um WING CHUN FRANKENSTEIN ou o moderno
prometeu.
Conforme
reportei anteriormente, o EAD no Wing Chun é apenas uma Suplemento, uma
vitamina extra, excelente para aqueles que já estão estudando o Sistema Wing
Chun de forma tradicional e nada mais.
Blog do Dido; Como o senhor enxerga, de maneira geral, a transmissão do sistema
wing chun em nosso país e o senhor vê com bons olhos a nova geração de
praticantes e SiFus que está por vir? Acredita que o sistema possa estar
salvaguardado para as futuras gerações?
Por um lado
estou otimista, pois vejo um crescimento do Wing
Chun no Brasil , talvez atrelado ao empurrão que os filmes com Donnie Yen e outros estão
proporcionando, mas preocupado com a Saúde do Wing Chun, pois o crescimento tem de ser também qualitativo.
Grão-Mestre Moy Yat certa vez escreveu:
Mo Hai Tong Gei Kungfu, Ng Soon Kungfu
Kau Hai Tong Gei
Kungfu, Hai Yai Kungfu
[Kungfu sem Sistema não é Kungfu,
Kung Fu que depende de um
Sistema não é bom Kung Fu]
Assim, consideramos um bom sistema aquele
que conduz o praticante a alcançar seu poder pessoal num espaço mínimo de
tempo.
O termo em Chinês, no dialeto cantonês, para
referir-se a Simplicidade é Tang Son,
onde Tang representa simples em
quantidade, enquanto Son quer dizer
puro em essência. Portanto, Tang diz respeito a Simplicidade Quantitativa,
enquanto que Son representa a
Simplicidade Essencial.
A Simplicidade Quantitativa tem como idéia
central “o mínimo suficiente”. Sem dúvida, a preparação da ação, neste momento,
requer uma atenção especial, pois quanto mais favorável uma circunstância, o
suficiente será cada vez mínimo. Assim, o mínimo poderá variar conforme cada
situação, devendo a percepção sistêmica determinar o quanto será suficiente.
A Simplicidade Essencial está ligada com a
“pureza”. O puro está ligado com o total, a plenitude, onde a intensidade
máxima para cada situação deverá, a exemplo da Simplicidade Quantitativa, ser
determinada pela percepção sistêmica. A pureza máxima que não seja em
quantidade mínima não resultará num todo equilibrado, impedindo assim sua
unidade.
Assim vejo a dificuldade de muitos em
compreender esse processo e temos pelo futuro do Wing Chun, caso não haja em
cada Wing Chun Gaa (Famílias e
escolas) um plano ou programa de Preservação do mesmo.
Por isso, dou muito valor ao trabalho de meu
Sifu, Moy Yat Sang e de meu falecido Sigung, Moy Yat pela preocupação com a preservação
deste legado, que foi conquistado com muito esforço e dedicação, suor e
lágrimas desde o tempo de Moy Yat com Ip Man e de Leo Imamura com Moy Yat e
assim sucessivamente.
Moy Yat sempre declarou a sua preocupação
com isso, e um pouco antes de falecer deixou essa incumbência para o Clã Moy
Yat.
Moy Yat Ving Tsun é a denominação utilizada por Grão-mestre
Moy Yat como compromisso pessoal de excelência na preservação do Sistema Wing
Chun, caracterizada pela expressão pura, formação completa e estruturação
integral.
Precisamos sim que cada Sifu, suas famílias
e Clãs possam fazer sua parte na preservação deste legado cultural chinês e que
o Wing Chun não é apenas mais uma “Lutinha” e nem que seja preciso provar sua
eficácia em nenhum MMA ou competição qualquer.
Blog do Dido: Gostaria
de agradecer imensamente pela atenção e gostaria que o sr. deixasse uma
mensagem para os nossos amigos leitores, bem como seus
contatos,
para quem quiser procurá-lo.
S M) Eu que agradeço essa oportunidade de
participar do Blog do Dido, que já é uma referência do Wing Chun no Brasil
Desejo que cada praticante de Wing Chun seja
capaz de provar sua capacidade de Lutar a “Luta do dia a dia” para que possamos
enfatizar e Preservar a expressão pura, a formação completa e a estruturação
integral do Sistema Wing Chun, a fim de promover a importância da
Inteligência Marcial no
desenvolvimento dos sistemas em que a humanidade está inserida.
Estou sempre aberto a questões e a quem deseje
maiores informações
Em nosso Portal Nacional do Wing Chun poderão
encontrar diversas maneiras de contato diretamente comigo: www.wingchun.com.br
E meu Muito Obrigado ao Blog do Dido.
Muito boa essa entrevista com Sifu Monnerat, que, realmente, entende do assunto. Parabéns ao blog do Dido por ajudar na divulgação da arte.
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