UM MÊS COM O GÊNIO NEGRO DO WING CHUN
Sifu Marcos Abreu conta em entrevista sobre seu treinamento na China em companhia dos Sifu Marcelo Florentino e Cláudio Rangel, sob a orientação do mais testado e menos divulgado dos discípulos de Yip man, Duncan Leung. Lá o parceiro de lutas de Bruce Lee falou do filme sobre seu mestre, e surpreendeu com declarações polêmicas, publicadas com exclusividade pela Fighter Magazine*.
FM (Fighter Magazine): Qual o objetivo da viagem de vocês à China?
SM (Sifu Marcos): Estivemos por mais de um mês em Foshan (a cidade onde o Wing Chun se desenvolveu na segunda metade do séc. XIX), para treinar especificamente a aplicação da luta em combate mano a mano, orientados por Sigung Duncan Leung, Mestre de nosso Sifu Li Hon Ki. Nós contávamos com a ajuda de quatro lutadores profissionais de Muay Thai, um deles sendo o atual campeão mundial em sua categoria de peso, e um três vezes campeão. Era uma dura rotina de seis horas por dia, tivemos muitas dificuldades, mas foi gratificante. Sigung Duncan disse que sairíamos de lá pessoas melhores, mas só no final do período pudemos entender o significado daquilo que nos disse.
FM: Foi uma mistura de Wing Chun com Thai boxe?
SM: Não, definitivamente. Os lutadores de Thai tinham a função de nos ajudar atacando de forma realista, durante o treinamento com equipamento, e fazendo sparring livre. O objetivo era justamente aplicar o Wing Chun tal como ele é contra os ataques mais comuns de uma luta especializada em ringue. Muitas escolas de kung fu estão virando variação de kickbox com quedas, pelo fracasso do jeito tradicional de lutar, e no caso do Wing Chun, a sua característica conceitual leva as pessoas a fundi-lo com tudo, mas isso no geral também é usado como desculpa e esconde os defeitos das escolas. Na nossa escola, o objetivo é mais modesto, e ao mesmo tempo mais nobre, Duncan Leung não quer que sua arte morra com ele, por isso treina os professores não só para combater simplesmente, mas combater aplicando e entendendo como funciona a técnica original do Wing Chun, sem sincretismos.
FM: Qual o resultado dos combates?
SM: Se você entender que os combates não visavam uma comparação entre o estilos em termos de finalidades, posso dizer que foi bem proveitoso. Não podemos nos comparar a lutadores profissionais, inda mais quando se tratam de lutadores top. Era fácil ver a diferença entre os estilos e os pontos fortes de cada um. Continuo com a minha visão que o Wing Chun é para situações mais amplas que envolvem o conceito defesa pessoal, embora estivéssemos lutando como strikers, com luvas de boxe, e o treinamento tivesse uma clara orientação para ringue, e nós mesmos gostemos de ir ás competições. Mas como estávamos lutando contra lutadores realmente diferenciados, apanhamos um bocado, porque tínhamos de tentar de todas as formas aplicar a técnica, estávamos arriscando coisas novas, mas tivemos também nossos momentos, e os mais experientes tinham uma grande facilidade para usar, por exemplo, o cotovelo à curta distância e toda espécie de golpes nas articulações, a própria mecânica da luta favorece isso, mas era preciso cautela, porque não há como treinar isso plenamente, os thai boxers eram nossos parceiros, não inimigos.
FM: Duncan orientava vocês durante os sparring?
SM: Sim, ele é um motivador nato, acredita muito no treinamento e na insistência. Quando íamos mal, Duncan nos dizia: “Tiveram um dia ruim? Hora, relaxem, vocês estão tentando isso contra profissionais. Lutar é um jogo. Na juventude, eu tentava os chain punches e voltava para casa com o nariz sangrando, mas duas semanas depois, era eu quem fazia o outro cara sangrar. Se você não o pega amanhã, pega depois, senão amanhã daqui a mês, senão daqui há um ano. Isso era luta para mim, quando era garoto. Quando conseguirem controlar o medo, saberão que não há limites para vocês. Vão para casa e pensem nisto esta noite.”
FM: Parece um bocado diferente do discurso filosófico e ordeiro do Wing Chun atual.
SM: Para Duncan, só existe dois tipos de Wing Chun; o que funciona, e o que não funciona, ele não liga para origens, discursos, porque ele não vive de arte marcial, ao contrário de auto-intitulados “grão-mestres”, título que o próprio Yip Man nunca usou. Duncan é um empresário de sucesso, e a filosofia do Wing Chun para ele se resume a uma questão: “Você consegue aplicar numa luta de verdade aquilo que treinou na academia?” Esta foi a preocupação chave dele desde que começou com Yip Man, ainda criança. Ele lutou centenas de vezes, não apenas em torneios, mas naquelas lutas de vida ou morte, em diferentes situações de combate armado ou com mais de um oponente, por duas décadas, parando por volta dos trinta anos, como uma espécie de Musashi moderno, e ouvimos muitas histórias de seus alunos sobre suas lutas. Ele é um sobrevivente, sua importância no Wing Chun é definitiva, Yip Man já dizia isso pouco antes de morrer, e ainda assim ele acessível e humilde, apesar da personalidade forte. Na hora do almoço, por exemplo, todos vinham esgotados do treinamento e enchiam seus pratos, e sobrava pouca coisa na mesa, claro. Então Duncan se levantava calmamente, depois de todos terem comido e estarem satisfeitos, e ia lá e fazia seu prato. Aquilo me marcou muito. Filosofia não é conversa sobre yin, yang ou monges de duzentos anos atrás, é atitude, postura. A filosofia do wing chun é eminentemente prática.
FM: Mas existem diferenças técnicas visíveis entre todas as escolas que vieram de Yip Man, e todos dizem que funciona, e que seu jeito é o correto. Qual a razão disto ocorrer?
SM: Nós perguntamos a mesma coisa a ele, essa é uma pergunta muito recorrente no wing chun, todos tem sua teoria, mas a resposta dele foi muito simples, muito categórica, e falou com aquele vozeirão que ele tem, entre baforadas de cigarro: “Vocês querem saber a verdade? A verdade é que Yip Man não se importava”. Muita gente fala muita coisa, que Yip Man teria guardado o segredo somente para alguns, ou que a luta varia de acordo com a interpretação, mas a realidade é que ele não estava nem aí, e isso é tudo. “Se alguém tinha uma dúvida, Yip Man dizia: vá para casa, pense, e amanhã me traga a resposta. No dia seguinte, o cara vinha, mostrava o movimento e ele dizia: - Ora, você é um gênio, é o melhor!” Mas na verdade, estava pouco se lixando, então cada um faz do jeito que acha que é certo, mas Yip Man não ensinou sua arte em profundidade a essas pessoas e são justamente essas mesmas pessoas que difundem o estilo pelo mundo afora. Se alguém vinha e dizia que queria lutar, ele dizia: “Ok. Faça Chi Sao, faça forma...” mas Duncan explicou-nos que essas coisas sozinhas não ensinam ninguém a lutar. Yip Man via muitos de seus alunos com poucos meses de treino abrindo escolas muito perto da dele, e isso o deixava muito triste. Quando chegou a Hong Kong fugido da China comunista, dormia na frente de um templo, na sarjeta...Ele tinha sido um aristocrata, não sabia fazer nada além de arte marcial. Até que Leung Sheung, que seria seu primeiro aluno em Hong Kong, ajudou levando-o ao sindicato dos restaurantes, onde passou a dar aulas, por 8 ou 12 Hk dólares...por mês!
“Yip Man era um junkee, viciado em ópio”, ele continuou. Era algo comum naqueles tempos, um costume ligado a uma época que estava morrendo na China. Ele não tinha condições de manter esse vício, porque era muito caro. E ele sofria mais ainda com sua mulher, que tinha o vício em total descontrole. “Quem podia suportar isso?”
FM: Então a história não é tão bonita quanto se conta...
SM:Não. Duncan demonstrou uma maturidade incomum para a sua idade quando foi até Yip Man pedir para abandonar o treinamento, pois achava que o Wing Chun não prestava para combate, já que nas lutas contra outros estilos, nunca via ninguém ganhar de forma realmente convincente. “Ora, tenha paciência, em poucos anos ficará bom, porque tem talento”. Então Duncan disse: “Muitos dos meus irmãos mais velhos já estão aqui há alguns anos e não são bons”. Yip estava muito surpreso. Ele perguntou então ao garoto de treze anos.“Você tem 300 dolares aí?” Duncan não pestanejou e disse que sim, e o velho mestre passou a pacientemente lhe ensinar, Duncan por sua vez ia testando seus novos conhecimentos nas ruas, e eles se tornaram grandes amigos, Duncan o tratava como um pai, e ele tornou-se seu primeiro discípulo de “portas fechadas”, após passar por todas as fases rituais do Bai Si, a cerimônia tradicional de discipulado. Muita gente passa a imagem de que Yip Man era um velhinho sábio, infalível e sem problemas, e fazem isso porque querem manter as aparências, mas Duncan não precisa disso, ele não tem papas na língua. Ele nos passou a imagem de alguém mais humano. Yip Man jamais ensinaria como aplicar a arte plenamente em combate se não fosse pago suficientemente, e se a pessoa sobretudo não valorizasse demais aquilo que aprendia. Mas quero ressaltar que não era uma questão apenas de dinheiro, tanto é que ele escolheu pelo menos um discípulo a quem ensinou todo o “applied” wing chun de graça.
Sifu Duncan Leung
FM:Quem?
SM:Seu nome é Alan Lee. Yip Man sempre o via varrendo o chão da academia de um de seus alunos (Lok Yiu, morto em 2006), e aquilo o impressionou. Entretanto, como Yip Man àquela altura já estava muito velho, ele não tinha força física para mostrar como aplicar as técnicas para combate, então ele fez uma lista com cinco de seus principais discípulos que eram jovens o suficiente para ensinar. Duncan estava no topo da lista. Ele então foi procura-lo, e o resto é história. Ele estava lá e nos treinou também.
FM:Então esta história que a idade não faz diferença no wing chun...
SM:A força faz diferença. “Vocês já ouviram que Yip Man dizia que não era preciso força para lutar Wing Chun? Essa idéia é estranha para vocês?” Não, nós respondemos, muita gente fala isso. “Mas Yip Man não disse isso, o que ele disse é que você não tem de se opor à força, o que é muito diferente” Força é algo fundamental no Wing Chun. E então Duncan nos explicou de modo muito simples toda a teoria de combate do sistema. Isso nos deixou a todos muito honrados, e ficou muito evidente o prestígio que nosso Sifu Li Hon Ki tem com Duncan.
FM: E o filme sobre a vida de Yip Man, lançado com Donnie Yen no papel principal, o que Duncan achou dele?
SM: Já saiu o segundo mas do primeiro ele disse, “Bullshit” (risos). E quando insistimos, ele repetiu, muito calmo, enquanto nos interrompia: Bullshit. Curiosamente, dias depois, durante o nosso treinamento, vimos um homem com um jeito meio Bruce Lee e mostrava ao Alan Lee seus movimentos de Wing Chun. Alan apenas mandava que ele tentasse aplicar aquilo, para logo depois rir bastante, porque obviamente não funcionava, e ensinava o mesmíssimo movimento, só que feito do jeito correto. Depois soubemos que o sujeito era coreógrafo da continuação do filme de Yip Man, que estava lá a convite do Darren Leung, filho de Duncan e que na época trabalhava na continuação do filme. Filmes servem para divulgar e como um saudável entretenimento, mas aquilo que se vê nos filmes não serve para a luta de verdade. Eu particularmente acho ridícula uma cena em que Donnie fica fazendo um milhão de socos num carateca já caído no chão. Para que socar daquele jeito se o cara está no chão? Isso expõe o grau de alienação técnica que há no público regular de wing chun. Mas como entretenimento é bacana...
FM: E daqui para frente, quais os planos de vocês?
SM: Continuar melhorando o nível técnico do Wing Chun no Brasil. É o nosso desejo, e foi nisso que estava pensando quando aceitei o convite de meus irmãos mais velhos no kung fu para ajudar a fundar, com autorização do nosso mestre, a Applied Wing Chun Brazil, que foi idealizada com um estatuto moderno pelo Marcelo Florentino, um dos primeiros praticantes de brasileiros, um cara muito experiente, muito técnico e que tem uma grande escola em São Paulo. Este estatuto tem uma preocupação com a ética que é inédita. O Cláudio Rangel, atual presidente da nossa associação, coordena nossas ações e é um estrategista, além de ensinar privativamente também. Adorei conhece-los pessoalmente na China, e eles me ajudaram muito em tudo, tanto com o idioma inglês que ainda não domino plenamente, com os problemas de viver num país estranho, aprendi com eles, eles compreendem muito o mundo do Wing Chun e têm de mim todo o respeito e admiração. Há também o Alberto França, que foi meu primeiro professor, me apresentou Li Hon Ki e o convenceu a me ensinar, doze anos atrás. França desbravou o Wing Chun no nordeste literalmente na pancada. Eles são humildes, respeitam verdadeiramente Sifu Li Hon Ki. Eu procuro ajudar no que posso, porque meu foco ainda é treinar e melhorar meu jogo, mas você não treina em alto nível no Brasil se não cria condições para isso. Acho que Sifu Li Hon Ki está feliz conosco, de termos nos unido, porque ele nunca gostou de divisão dentro da família. Ainda assim, eu tenho uma boa relação de amizade e respeito com a maioria dos meus outros irmãos que preferem não trabalhar conosco.
^FM:O Wing Chun que Li Hon Ki ensina é voltado para competição?
SM:Isto é um ponto importante. Li Hon Ki nos ensinou da maneira tradicional. Vamos para a competição porque o perfil do nosso wing chun provoca isso, porque as pessoas querem lutar para se testar, mesmo sabendo que a competição não é o ambiente ideal para o Wing Chun, como não é para lutas de perfil e objetivos parecidos, como o Krav Maga, por exemplo. Há anos os principais alunos de Li Hon Ki no Brasil foram ás competições de kung fu, e mesmo nosso mestre não tendo tempo para nos ajudar mais diretamente, pois ele não trabalha diretamente com o Wing Chun, ganhamos muitos títulos contra nossos irmãos de outros estilos de kung fu. Perdemos também, mas todos os que lutaram têm pelo menos um título. Mas hoje está mais difícil, porque as escolas evoluíram e fazem luta de competição de alto nível, abandonando o jeito tradicional de lutar e adotando técnica de ringue de lutas consagradas como boxe e thai. No Wing Chun isso não é possível, pois os objetivos da arte exigem estruturalmente um repertório técnico/biomecânico muito peculiar.
FM:Pode explicar melhor?
SM:O soco é diferente, o padrão defensivo também, porque tem grande influência da luta de facas duplas. O ambiente de luta do Wing Chun pressupõe uma desvantagem do praticante, seja de força, seja de número ou de meios, ele é funcional porque segue um método que pode fazer você recombinar padrões defensivos complexos com facilidade, que servem tanto para socos e chutes quanto para armas, e no contraponto os contra ataques são muito simples e fáceis de executar. Amplitude de possibilidade de ação é o ponto forte da luta, mas também é a sua maior limitação para o aspecto de competição com lutas mais especializadas. Como manter nossa arte viva e em sincronia com a evolução no jeito de ver as artes marciais com a popularização do MMA, por exemplo? As pessoas têm respondido essa pergunta abandonando a aplicação da técnica tradicional, mas para nós essa não é resposta.
FM: O que você acha da atual situação do Wing Chun no Brasil?
SM: A realidade do Wing Chun hoje em dia é a venda de certificados ou adoção de franquias internacionais por professores antes charlatões, que batem foto com mestre famoso que vem ao Brasil ganhar 20 mil reais num final de semana, para depois sairem abrindo escolas por todo o país, mas não tem experiência com Wing Chun de verdade ou qualquer experiência de luta, seja na rua, seja no ringue. Como você vai ensinar alguém a luta se você mesmo não sabe? Como vai ensinar a defender se nunca teve de se defender? Isso vai acabar criando outra geração de alienados marciais, “esquizotéricos”, para usar uma expressão do meu amigo José Augusto Maciel Torres. Sou totalmente contra essa idéia de filme que o cara entra em contato com um mestre e de uma hora para outra se torna indestrutível. Isso é ilusão! O que existe é um trabalho duro, de anos, para você transportar o âmago de uma arte marcial para um outro país, uma outra cultura. No meu caso e de meus irmãos wing chun, somos os primeiros ocidentais na linha de sucessão. Quem não admite que há um choque cultural estará mentindo. Muita gente também procura nosso Sifu para treinar e não acha importante trocar idéias e experiências conosco, que somos mais velhos já passamos por todo este processo antes. Eles não têm idéia do quanto uma atitude destas custa em termos de tempo para compreender a arte, o quanto elas atrasam a vida de seus próprios alunos apenas para supor uma exclusividade, um nome ou uma marca. As pessoas querem fazer oba-oba em torno do nome do mestre e ganhar dinheiro, não querem aprender seriamente. Esta é a realidade do Wing Chun, todo mundo sabe disto, mas ninguém fala. Pergunte a noventa e nove por cento do mestre como foi sua formação e ouvirá uma história mal contada. Mas todos eles tem um diploma comprado no exterior.
FM: É essa a visão que você passa no livro Kung Fu Wing Chun?
SM: Uma visão mais realista? Sim, é isso. É preciso frisar que essa é uma obra que está sendo vendida nas bancas, especialmente para o público leigo, e tem uma linguagem mais acessível, simples, do que teria uma obra mais densa, mas eu particularmente queria romper com a visão de estilo da porrada maluca, que acaba com tudo e com todos em segundos, porque além de não ter nada a ver com a luta em si, é uma propaganda muito canalha, desonesta, mesmo, não condiz com a real técnica, mas ainda é vigente no mundo inteiro, e nos fez de piada no mundo das artes marciais, a realidade é essa.
FG: Dizem que o wing chun é para a luta real, onde não haveria regras etc.
SM:Este raciocínio não é de todo incorreto, mas o que é luta real pra você, uma luta sem regras? Você acha que um lutador profissional não saberia jogar sujo se quisesse? Apesar de potencialmente mais perigosa, este tipo de luta em geral te dá no máximo um olho roxo. Uma luta de vale tudo não parece real para quem está lutando? Eu prefiro usar a expressão combate em ambiente “não-controlado” ou “irrestrito” porque envolve todo tipo de situação de combate.
As pessoas falam: “O Wing Chun é pra rua”, em geral para justificar o fato de não ser muito adaptável para lutas profissionais. Mas eles não sabem o PORQUÊ do wing chun ser mais voltado para este tipo de confronto, não sabem explicar isso analisando os golpes, a estratégia. Foi isso que tentei fazer, relacionando teoria e prática. Toda arte marcial traz uma resposta pronta para determinado problema na luta, não é tudo o que se pode fazer numa luta. Este é o ponto chave, que os alienados do Wing Chun não entendem. Você não vê as pessoas criticarem o Aikido, por exemplo, por não estar no MMA, e isso acontece porque eles não tentam ser aquilo que não são, ao contrário dos mestres de Wing Chun que dizem que matam qualquer um em três segundos, mas é só papo furado.
Todo bom policial que conheci gostaria de conhecer o Aikidô para poder fazer seu trabalho melhor e dominando fisicamente sem machucar os suspeitos e sofrer punições por isso. Continuando o mesmo raciocínio, você não vê lutadores de se boxe se embolando no chão num ginásio. Mas ninguém pensa em entrar numa competição de MMA sem saber boxear, entende o que eu digo?. Eles tentam ser fortes naquilo que são bons, porque tem técnica para isso. No Wing Chun, os caras sequer fazem luta dentro da academia, e querem dizer que vão matar um profissional de luta chutando seu saco, enfiando o dedo no olho??!! É ridículo, óbvio! Infelizmente o Wing Chun ainda é a arte que atrai a maior quantidade de malucos por metro quadrado. Mas podemos mudar isso.
FM: O livro alcançou seus objetivos?
SM:Queria que os leigos sentissem que esta arte pode servir para quem não tem grande dotes físicos, pessoas comuns, esta é a idéia da luta, que não é preciso ser muito talentoso para ter sucesso na arte marcial, e tentei dizer isso com menos discurso e mais técnica, mostrando como funciona. O livro é um sucesso nos países onde foi lançado, mas é o wing chun que está de parabéns, porque é uma obra muito honesta, e é o que mais está faltando no wing chun hoje, honestidade na proposta, e no modo de divulga-la, e isso acaba beneficiando a todas as pessoas sérias que trabalham por nossa arte.
fonte: cincoantigos.blogspot.com