Na fantástica película de Wong Kar Wai, Yī dài zōng shī (一代宗师) , conhecido no Brasil como ‘’O Grande Mestre ( The Grandmasters)’’ , ao levar sua filha ao pavilhão de ouro, Gong Er pergunta ao pai do porquê a tê-la levado a um bordel ( onde na realidade aconteciam muitos embates de mestres da comunidade marcial) no qual ele responde:
- ‘’Só porque não consegue ver uma coisa, essa coisa não
existe?’
Essa cena é muito
citada em sites e em artigos sobre como as sinuosidades existentes e muitas
vezes não percebidas acontecem nos círculos marciais. E é exatamente o que acontece muitas vezes no Mo Lam; As
tendências dos acontecimentos muitas vezes só são percebidas quando o
praticante permite-se perceber além daquilo que está claramente enxergando.
Chame isso de sensibilidade, atenção ou zelo. Mas seja lá como for, é uma forma
de atenção que só quem vive neste mundo pode atentar e desconfio cá com meus
botões que nem sempre, essas tendências ocultas sejam perceptíveis o tempo
todo...Bem, ao menos para mim, nem sempre é,mas ainda sim, pode ser percebida e esse comportamento,pode até ser expandido para outras áreas de atividades.
Devido á dinâmica de nossas sessões de Wing Chun, muitas
vezes enquanto estamos em plena prática, estamos conversando e falando sobre
determinados aspectos que muitas vezes não temos a chance de ter uma sessão
inteira para falarmos sobre. O que de fato, não é algo que contemple todos os
aspectos do wing chun. No entanto, o nosso foco sempre é o entendimento dos
conceitos de maneira prática. Ainda sim, sempre que pudemos, relembramos
algumas histórias do meu treinamento regular em Salvador, ou mesmo passagens
sobre Ip Man, ou nossos patriarcas na linhagem, ou mesmo sobre aspectos mais
familiares relativos a genealogia do sistema...Há dias em que até mesmo
assuntos mais triviais aparecem, entre um chute, ou soco...Muitas vezes, até mesmo durante o Chi Sau, falamos um pouco
sobre assuntos em comum; Times de futebol, vida pessoal e coisas do tipo..
( Dia de treinamento regular)
Um dos assuntos numa de nossas ultimas sessões de
treinamento, abordou um tema que em muito, não é percebido, mas que é de
fundamental importância para qualquer praticante adulto de wing chun e mais
especificamente para aqueles que já são SiFu e já tem sua própria família kung
fu....O trabalho silencioso e muitas vezes esquecido da SiMo.
Si Mo, por definição, tem dois caracteres; Si – do mesmo Si
de Si Fu, ou Si Dai, por exemplo e Mo, que neste caso, ganha um significado
diferente do Mo de Mo Lam, tendo um significado mais próximo do termo ‘’Mãe’’. A Si Mo pode ser considerada a co-líder da família kung fu do SiFu, mesmo que ela não
seja uma praticante do sistema. Diferentemente de outras ocasiões, isso não
ocorre por titulação, mas quase que por uma natural atribuição, porque mesmo
que a Si Mo não seja uma praticante formal, ela tem um papel fundamental que
interfere diretamente na prática, mesmo que não seja perceptível. Ela é um
alicerce para que o SiFu possa transmitir o sistema de forma tranquila, de
maneira que ele possa se concentrar unicamente na transmissão do conhecimento
aos seus Dai Gee, ou To Dai’s.
Por exemplo; desde o menor zelo em relação a vestimenta, ou até mesmo na mobilização em um outro ponto de vista em relação á algo diretamente ligado tanto ás ‘’técnicas’’, tanto quanto ao tipo de postura que um SiFu tem em relação aos seus discípulos ou mesmo com seus Si-Hings, Si Dais e ao SiFu de seu marido, a influência da Si Mo em uma família kung fu é sentida, mesmo que ela não atribua a sí mesma esse efeito, ou mesmo que nada faça (diretamente) para que tal efeito ocorra. Ainda mais se levarmos em conta que o próprio conceito inicial do sistema Wing Chun nos aponta para uma postura feminina em relação á abordagem do que se convém chamar por ‘’combate’’.
Por exemplo; desde o menor zelo em relação a vestimenta, ou até mesmo na mobilização em um outro ponto de vista em relação á algo diretamente ligado tanto ás ‘’técnicas’’, tanto quanto ao tipo de postura que um SiFu tem em relação aos seus discípulos ou mesmo com seus Si-Hings, Si Dais e ao SiFu de seu marido, a influência da Si Mo em uma família kung fu é sentida, mesmo que ela não atribua a sí mesma esse efeito, ou mesmo que nada faça (diretamente) para que tal efeito ocorra. Ainda mais se levarmos em conta que o próprio conceito inicial do sistema Wing Chun nos aponta para uma postura feminina em relação á abordagem do que se convém chamar por ‘’combate’’.
O SiFu, tende a aparecer mais,em determinados momentos, é ele quem tem
a responsabilidade de guiar tudo e muitas vezes é dele a responsabilidade em delegar funções
dentro de sua família kung fu. Mas este ‘’guiar’’ muitas vezes é amparado pela
Si Mo, mesmo que ninguém perceba...
Então,a pergunta ainda tem relevância; Será que realmente só porque não conseguimos ver uma
coisa, essa coisa não existe?
Dido
Discípulo privativo do SiFu Marcos de Abreu em Recife- PE