quinta-feira, 26 de abril de 2012

Comentários sobre as diferentes linhagens do ving tsun

A postagem de hoje será um ensaio, onde iremos especular quais as origens das diferentes linhagens e o que levou aos wing chun a ter tantas formas e interpretações diferentes, como diria nosso amigo Sifu Juarez, uma verdadeira “Torre de Babel”. A idéia aqui não é determinar os porquês da existência de tantas ramificações – o que seria impossível em artigos de um blog – mas, baseado na história contada por respeitados mestres do wing chun, tentar entender um pouco mais sobre o assunto. 




Antes de começarmos é preciso que se esclareçam alguns pontos; Primeiro; È importante que o leitor tenha certa dose de paciência com os textos muito extensos (pra mim, esse assunto é extremamente enfadonho, sem graça e chato). Segundo; Neste artigo, não estamos puxando a sardinha pra quem quer que seja como sempre foi a proposta do blog. Este é apenas um texto que pode vir a servir de ponto de partida para futuros estudos e boa parte do que foi escrito aqui não será mais novidade pra ninguém, portanto, não se trata de “material inédito”. Muitas das passagens foram condensadas até, para diminuir o bloco do calhamaço, inclusive.
Bem, sem mais delongas, vamos para o que interessa...




Nomenclaturas


Atualmente, existem várias formas de grafia da arte como Wing Chun, Wing Tsun, Ving Tsun, Ving Tsung, wing chuan, wing tchun. Wing Chun Kuen ficou sendo a mais famosa, muito provavelmente por causa da forma que Bruce Lee transcrevia os caracteres chineses nos EUA como wing chun. Posteriormente o patriarca Yip Man instituiu a grafia “Ving Tsun Kuen”, como sendo a oficial, ao fundar a “Hong Kong ving tsun athletic association”. A forma escrita, no entanto, continuou sendo a mesma, desde a fundação do estilo, que, pela versão mais famosa, é atribuída á monja N’g Mui e a sua discípula Yim Wing Chun, com os caracteres em cantonês. De acordo com uma das histórias – e que veremos mais adiante - o caractere original seria ( 咏), enquanto que o caractere (詠 ) teria sido adicionado tempos depois, justamente para manter oculta a real intenção dos que lutavam contra os manchus. Algumas formas de pronuncia e escrita, atualmente também servem para designar as linhagens e ramificações. Entretanto, em termos práticos, como bem dito pelo mestre Li Hon Ki, o que importa é a objetividade e eficiência da arte.
O ponto divergente sobre as ramificações do wing chun se concentra basicamente na origem nebulosa do estilo, que carece de documentos que comprovem ou apontem fatos concretos. Para termos uma luz sobre o assunto e analisando paralelamente as histórias, vamos dar uma pequena olhada nos fatos que temos á mão.

A lenda de Yim Wing Chun


A versão mais famosa sobre a origem do estilo Wing Chun já foi contada aqui no blog do Dido ( http://blogdodido-dido.blogspot.com.br/2011/04/historia-do-wing-chun-kuen.html ) e nos conta sobre a monja fugitiva de shao lin Ng Mui e sobre a história de sua discípula, a jovem Yim wing chun, que aprendeu o método desenvolvido pela monja para se defender de um rufião local. Esta versão é a que tem sido difundida com maior popularidade e é a mais famosa dentro das ramificações mais conhecidas da arte, também faz menção à lenda dos cinco anciãos – cinco mestres que teriam fugido do incêndio em shao lin e que se refugiaram em diferentes locais, passando a lutar contra os manchus e que, para não terem sua identidade revelada, passaram a desenvolver métodos de luta e transmitir sua arte á poucos escolhidos e de maneira escrupulosa. As árvores genealógicas das ramificações advindas de Ng Mui relatam a transmissão do ving tsun através de gerações de médicos e atores da ópera chinesa,trocadores de dinheiro e sempre pontuando por certa discrição no que diz respeito á transmissão. È notório nessas versões que os mestres apresentam certa relutância no que tange á admissão de discípulos.
Alguns personagens dessa versão acabaram ficando bastante conhecidos, sendo talvez o mais notório, o Dr. Leung Jan, de fatshan. Dr. Leung Jan, segundo a lenda, ficou conhecido como “O rei do wing chun, por sua alta proficiência técnica e por nunca ter sido derrotado nos desafios que aceitava. No que diz respeito á história recente do wing chun, talvez hoje o personagem mais famoso seja o lendário Yip Man. Yip Man é reconhecido como o atual patriarca do estilo wing chun e como introdutor do wing chun em Hong Kong.
(È importante á esclarecer que, particularmente, eu acredito nas versões que são contadas dentro das ramificações pelas quais eu passei e pela minha ramificação atual).



Wing Chun de Hong Kong – linhagens advindas de Yip Man


Atualmente, o patriarca moderno do wing chun, sifu Yip Man tem tido grande destaque na mídia devido aos recentes filmes (O grande Mestre, 1,2 e The legend is Born; Yip Man) e agora, vem aí mais um filme; The Grandmasters. O que talvez pouca gente lembra, é que pelo há menos uns 15 anos atrás, muita gente – que não tinha tanto contato com o wing chun  assim -  só conhecia Yip Man por ter sido o mestre de Bruce Lee. Mas sifu Yip Man não foi só mestre do badalado Bruce Lee. Durante toda sua “carreira”, Yip Man sempre aceitou discípulos. Tanto antes, quanto depois de sua chegada a Hong Kong, aonde viria a estabelecer seu nome. Quando Bruce Lee tornou-se seu aluno, em 1959, sifu Yip Man já era um mestre respeitado em boa parte do sudeste asiático. E quando Lee tornou-se astro internacional do cinema de ação, o nome de sifu Yip Man ganhou igual prestigio internacional. Bem, mas nem tudo foi culpa de Bruce Lee, sozinho. Outros alunos de sifu Yip Man também contribuíram para a fama do mestre. William Cheung, por exemplo, foi um grande divulgador do wing chun e vários outros mestres, alunos de yip man, como os mestres Wong Shun Leung, Moy Yat, Tsui Sheung Tin, Lok Yu, Duncan Leung, dentre outros, também acabaram por disseminar o wing chun em escala mundial.



                                          (Yip Man e Bruce Lee praticando o exercício Dan Chi Sao)




Oficialmente, sifu Yip Man foi o primeiro mestre a lecionar wing chun em Hong Kong. Conhecidamente, seu primeiro aluno em Hong Kong foi Leung Sheung. Com o passar do tempo, á medida em que Sifu Yip Man conseguia mais alunos, com o tempo, ele precisava mudar de espaço, para poder lecionar suas aulas (cabe aqui uma nota; a china é o país onde o metro quadrado de solo é o mais caro do planeta!).  Mas entre tantos fatos controversos relacionados á sua imagem, uma curiosidade é o fato de que Yip Man mesmo sendo reconhecido como “patriarca do wing chun em Hong Kong”, Leung Bik, filho de Leung Jan, mestre do mestre de Yip Man, já residia em Hong Kong e lecionou wing chun á Yip Man em sua juventude.

Como relatado num dos filmes já citados, a linhagem de mestre Yip man ultrapassa a marca dos dois milhões de praticantes no mundo inteiro. Isto por si só, não explica o fato da existência de tantas “ramificações” do wing chun, advindas de yip man. Porque de Yip Man ter tantos alunos e estes terem entre si um wing chun tão diferente???Então, vamos partir para o que se é contado através das gerações de famílias wing chun, sobre essa figura tão controversa que é o Sifu yip Man.


O homem “Sim”

Yip Man é atualmente reconhecido como ultimo patriarca do estilo wing chun, mesmo sendo uma figura de grandes controvérsias.  Dentro de alguns clãs do wing chun, é famosa a história de que Old Man era conhecido por ser o “homem sim”.  “Homem sim”?Que raios de “apelido” é esse??
Bem, consideremos dois alunos medianos, sendo treinados por Sifu Yip Man nos anos 50 em Hong Kong. Se sifu yip man mostrasse, por exemplo, um movimento novo, digamos um pak sao e um deles chegasse para ele e perguntasse; “Sifu, este movimento é um ataque certo?”, sua resposta seria; - “Sim, é um ataque” e ai ele explicaria como funciona a técnica como ataque. Em seguida, se o outro aluno viesse e dissesse algo como; - “Sifu, meu colega disse que o pak sao é um ataque, mas eu acho que é uma defesa, ele é uma defesa certo?” sua resposta seria algo como; - “Claro que é uma defesa, ele está é louco!” e seguiria uma explicação sobre o movimento. Ou quando algum aluno perguntava se estava fazendo algum movimento direito, Yip Man dizia; - “Sim, está certo, você é um gênio!” ou alguma outra palavra motivacional.
Parece controverso?Esquisito?? Sim (trocadilho inevitável, sorry). Mas, se pararmos para observar, com esse tipo de “didática”, sifu Yip Man permitia que os seus discípulos tirassem suas próprias interpretações sobre a aplicação de determinada técnica, baseando seu critério nas experiências com lutas e brigas de ruas (não é mistério pra ninguém que Yip Man muitas vezes incentivava seus alunos á se testarem). Obviamente, se você é um praticante de algum estilo de arte marcial e seu mestre lhe diz que você está indo bem, que está desenvolvendo de maneira correta e executando as técnicas com os conceitos corretos, mesmo que ele lhe diga isso de maneira superficial, o mais lógico é que você acredite nisso. E isso, obviamente gerava um grande distanciamento nas interpretações entre um discípulo e outro, á respeito de uma mesma técnica, o que dava um caráter subjetivo á arte.
Sifu Yip Man sempre foi um mestre tradicional, em termos de transmissão da arte. E dentro desse contexto, podemos observar que ele permitia que seus alunos pudessem ter suas próprias interpretações e vivência da arte, sifu yip man ensinava o wing chun de forma convencional, tinha tanto alunos regulares quanto alunos privados, á quem dava aulas “ás portas fechadas” Sendo assim, muitas vezes, Yip Man, durante as sessões de treinamento deixava que os alunos mais velhos ensinassem aos mais novos, enquanto permanecia apenas observando. Também, e não poucas vezes, incentivava seus alunos á se testarem, não só em torneios informais quanto em brigas de rua.






(sifu yip man)

Então, dentro desse contexto, imagine um grupo de 10 alunos. Todos eles executando os mesmos movimentos, mas com suas próprias interpretações, levando-se em conta sua constituição física, “estilo”, etc.. etc.., eles acabariam executado movimentos com diferenças técnicas entre si,mas que não estariam necessariamente “errados”,ou “certos”.
No entanto, de acordo com Sitaigung Duncan Leung; - “Old Man criou dois problemas”; primeiro; esse critério de sempre responder “sim”, acabava gerando diferentes interpretações entre seus alunos (o que talvez explique o porquê dos alunos terem o mesmo mestre, estudarem a mesma arte e, no entanto, executam as técnicas de forma diferente). O segundo, ele não ensinaria realmente se não fosse suficientemente pago.



Defendendo a tigela de arroz 



Ainda segundo Sitaigung Duncan Leung, Yip Man só ensinaria á aplicar o wing chun em combate – entre outros motivos - se fosse suficientemente pago por isso. O que se conta é que após uma luta de Wong Shun Leung e Huang Ni, praticante do estilo da Garça, onde o resultado final foi um velado empate, Duncan estava decidido á deixar de praticar wing chun. Chegando á yip Man disse; - “Não quero mais treinar com o Sr. Os alunos mais velhos não estão vencendo de forma convincente e se isso for tudo,prefiro parar por aqui”. A resposta de Yip Man; - “O que você queria por apenas 8 dólares?Tem trezentos ai??”
A história é bem conhecida e relatada no livro “Wing Chun Warrior – the true tales of wing chun master’s Duncan Leung”. Mas o fato é que isso faz muito sentido. Levemos em conta que na época, a china passava por grandes entreveros econômicos e que sobreviver lá, era bem mais difícil do que é hoje (fora o fato de que, ainda segundo sitaigung Duncan “the old man was a Junkie ”e que de certa forma, manter um “hábito” caro para os padrões daquela época era igualmente difícil). Era desapontador o fato de que alguns alunos iriam lá para aprender com ele e mais tarde, abriam escolas concorrentes com a de Yip Man na mesma rua que a dele! Isso obviamente restringia em muito o conteúdo do que era ensinado. Nenhum professor, dado o contexto da época, gostaria de ter concorrência pór perto ainda mais em se tratando de ser um de seus alunos, ou ex-alunos.
Outro aluno de sifu Yip Man, o grão mestre Moy Yat, contou diversas vezes que sifu Yip Man não ensinava aos principiantes, deixando isso á cargo de alunos mais velhos. Moy Yat foi o discípulo que esteve mais próximo de Yip Man e neste vídeo, fala sobre “a posição das mãos de sifu Yip man”.

Vejamos:




De acordo com Sifu Wong Shun Leung; a “arte do ving tsun é muito subjetiva e permite que o praticante possa reagir ao que acontece de forma instintiva, sem ter que pensar no que fazer. Quando, por exemplo, alguém pede para um praticante de wing chun mostrar o que ele faria em determinada situação, sua resposta deveria ser; - ‘ Bem, tente e vamos descobrir o que eu faria’”. Tendo isso posto, fica mais evidente – apenas citando um exemplo simples – do porque que sifu Yip Chin executar um siu nim tao um pouco mais diferente que seu irmão yip Chun, mesmo sendo os dois filhos de Sifu Yip Man.



Modificações


È sabido que sifu Yip Man também modificou certos aspectos da prática marcial do ving tsun, seja acrescentando movimentos ou retirando movimentos das formas, bem como no que se diz respeito aos métodos de treinamento. O exemplo mais famoso e já citado aqui no blog é a adaptação do Muk Yan Jong á espaços menores, utilizando um suporte de madeira, desenhado pelo próprio Yip Man, para instalar o Jong em salas residenciais. Percebemos, á partir desse exemplo que a pratica e a arte em si do wing chun não possui nada que seja pré-ajustado ou fixado.
Vimos acima também que – escrevendo á grosso modo - os alunos de sifu Yip Man encontravam “o próprio caminho”, dentro daquilo que sifu Yip Man os ensinava. Neste ponto, percebe-se que as experiências pessoais dos seus to-dai em combates informais – os chamados gong sao – davam-lhes subsídios para interpretar determinadas técnicas do ponto de vista prático. Dentro disso, muitos mestres discípulos de Yip Man, mesmo após o falecimento do patriarca, continuaram a prática e o desenvolvimento de seu próprio wing chun.


 “Seu próprio wing chun”? Como assim?


Com o passar dos anos e a experiência adquirida em várias situações de luta, os mestres em wing chun continuaram com suas interpretações baseadas em combates – vitórias, desforras e perdas - e acrescentando, á partir de seus “insights” pessoais, várias técnicas e interpretações sobre a forma de combate, visão cultural, entre vários outros fatores. Isto não quer dizer que eles modificaram o wing chun com outras formas de abranger a teoria da luta, mas sim que á partir de suas experiências, acrescentaram e melhoraram suas técnicas,usando aquilo que eles haviam aprendido,ou seja, modificaram,mas  sem inventar nada, a partir da própria arte,com a finalidade de adaptar para si os movimentos da melhor forma. Sendo assim, fica mais compreensível o porquê de um todai executar o siu nim tao, por exemplo, de maneira diferente de seu próprio sifu. Em wing chun, você poderá encontrar seu melhor jeito de executar uma tarefa sem ter que necessariamente copiar o ‘estilo’ de alguém.
Sendo assim, quando os mestres, após o falecimento de sifu Yip Man, começaram á se espalhar pelo globo e a estabelecer seu “Mo guns” em outros países, é muito provável que a técnica em si, já estivesse em desenvolvimento e “modificação”. Embora a estrutura de docência da arte tenha permanecido o mesmo - mesmo seis níveis, mesmas ordens de ensino (aqui, com algumas alterações em algumas famílias kung fu), armamento, etc...
Uma das coisas mais curiosas dentro disso tudo é que o patriarca Yip Man não nomeou nenhum de seus alunos como seus sucessores na arte.


                                                                               Bruce Lee e seu Jeet Kune Do




O caso de seu discípulo mais famoso, Bruce Lee, é um caso á parte, pois Lee modificou seu wing chun e tendo posteriormente estudado outros estilos e formas de combate, desenvolveu seu próprio método de luta, chamado “Jeet kune Do”. È importante mencionar que Lee não concluiu seus estudos de Wing Chun em Hong Kong (aqui existe uma grande discordância entre os estudiosos de sua vida, no que diz respeito em qual nível de treinamento Lee tenha interrompido suas aulas com o Old man, se em siu nim tao, chum kiu, biu gee ou muy fa Jong), tendo que mudar-se para os EUA com a finalidade de estabelecer sua cidadania americana. Apesar de ter mantido a forma de pensamento estratégico do wing chun e outros aspectos técnicos, como por exemplo, o punho na vertical, o Jeet Kune Do desenvolvido por Bruce Lee não se restringia apenas ao wing chun, mas se utilizava irrestritamente daquilo que fosse o mais eficientemente aplicável em combate. Por exemplo, ainda em Hong Kong, é fato conhecido que Lee estudava boxe e esgrima, paralelamente ao wing chun (fato esse que quase lhe causou a expulsão da escola de sifu Yip Man, pois segundo alguns mestres, o Boxe ocidental seria meio que um antagonista natural do wing chun. Outra versão – e talvez a mais provável - indica o tradicionalismo e a visão nacionalista dos praticantes das artes marciais chinesas, que consideravam traidor qualquer chinês que tivesse interesse em estudar qualquer arte estrangeira. Principalmente Japonesas ou Inglesas). E em se tratando de JKD quando falamos irrestritamente, era irrestritamente MESMO. Nas palavras do próprio Lee; - “Eficiente, em Jeet Kune Do, é tudo aquilo que dê resultado”.


De qualquer forma, esse é um assunto que gera muita discussão, bem parecida com aquela conversa de porta de bar,ou de faculdade, ou mesmo coisas do tipo; “quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?” No meio marcial, a pergunta é; afinal, Jeet Kune Do e wing chun são a mesma coisa?
Sim e não seria talvez a resposta mais aproximada da concepção filosófica de Lee. De acordo com alguns pesquisadores do tema, Lee não se restringiu ao estudo do wing chun e incorporou em sua técnica particular formas estratégicas de outros estilos de luta, independente de sua origem, como Karatê, judô, Jiu Jitsu, Muay Thay, Kali, escrima,Boxe ocidental, savate,etc. . Aliado a incrível capacidade pessoal de Bruce em captar rapidamente os conceitos de qualquer estilo de combate – o que trocando em miúdos significa que ele tinha uma facilidade absurda em aprender rapidamente sobre qualquer estilo de luta – Lee não tinha qualquer pudor em se colocar á prova em combates e desafios. No entanto, Lee manteve conceitos como linha central, punho na vertical para aplicação de socos – que provém do wing chun – em seu sistema de luta posterior.
                                               

 “Tudo o que sai do meu punho é wing chun”



È certo que; na tradição chinesa, se um mestre tem vários discípulos, cada um deles acaba captando um aspecto diferente da personalidade de seu sifu e isso muitas vezes acabava se tornando seu foco determinante. Isso muito provavelmente também foi um fator para que surgissem várias linhas de wing chun.
O fato é que o wing chun, mesmo tendo diferentes linhas de interpretação e abordagem, em essência, acaba sendo o mesmo wing chun vindo de yip man. A arte m si, suas características técnicas acabam sendo as mesmas, mas não exatamente, nem necessariamente as mesmas devido à experiência pessoal de cada mestre. Isto é possível, pois em termos de técnica, o sistema wing chun está estruturado de forma que você pode estudar uma mesma técnica em centenas de variantes e combinações, montar seqüências etc... O que vai exigir certo critério pessoal.
Ao certo, o que se supõe é que os motivos da existência de tantas linhagens atualmente, seja um somatório desses aspectos, relacionados ás características culturais das épocas em que a arte estava sendo desenvolvida e difundida junto com o critério minucioso de cada sifu, dada a experiência pessoal de cada um dentro da forma como a arte foi aprendida e desenvolvida com o passar do tempo. Obviamente, nenhum estilo de kung fu é hoje o que foi há 500, 600 ou 700 anos atrás, ainda mais se levarmos em conta que existem estilos datados aproximadamente da pré-história sendo assim compreensível o porquê da existência de diferenças e semelhanças técnicas entre várias escolas. È válido lembrar que até mesmo sifu Yip Man teve que fazer modificações e reestruturações do wing chun e seus treinamentos, dentre outros motivos, a Constancia de mudança de seu mo gun, etc, o que faz com que obviamente, o wing chun dele á certa altura, já não fosse tão parecido com o digamos “original”, aprendido de Chan Wah Sun e Leung Bik.
Existe também uma questão mercadológica muito grande envolvida no que se diz respeito ao wing chun e suas ramificações. Em nosso país, por exemplo, a propaganda mais facilmente associável ao wing chun é a de que se trata do estilo “mais eficiente de todos os estilos de kung fu e o mais rápido de se aprender”, entre outras ladainhas. Querendo ou não, isso acaba sim, estereotipando a arte. Felizmente, muitos mestres sérios hoje, estão trabalhando arduamente contra o estereótipo, visando trazer a arte ao publico tal qual como ela de fato o é como o meu próprio sifu, Marcos de Abreu, que há muito vem quebrando esses estereótipos, seja em seus artigos e livros, como no próprio desenvolver de suas habilidades, mostrando a realidade da arte.
Até então, estamos focando nas linhagens advindas de hong Kong e vindas diretamente de Yip Man. Vamos fazer um pequeno preâmbulo sobre algumas outras vertentes históricas.

Além de Ng mui

Infelizmente, o wing chun é uma arte cuja origem é extremamente pobre em termos de provas documentais que relatem sua origem. A versão mais famosa, atribuída á Ng mui, deixa muitas vezes lacunas históricas onde não se sabe com precisão quais foram os destinos de seus personagens, além de gerar dúvidas sucintas como; “Se o monastério shao lin era um reduto budista, como se poderia ter a presença de uma mulher como monja guerreira?”. Outro exemplo, Leung Jan, além de seus dois filhos, tinha mais um discípulo chamado “Wah, o homem de madeira”. Não se sabe se este chegou á ter discípulos e se seus discípulos deram continuidade á transmissão da arte, ou se mesmo seus filhos tiveram discípulos.
Outra versão, alternativa á história de N’g mui, nos conta que o significado de Wing chun Kuen – punhos (ou canção, dependendo da versão) da eterna primavera - teriam os caracteres alterados para disfarçar a real intenção dos guerreiros nacionalistas Ming, no século XVIII, contra o domínio Ching e seus criadores manteriam a prática do wing chun com muita discrição, dando um caráter secreto á arte, já que suas vidas estavam ameaçadas, caso viessem a ser descobertos pelos opressores.





(A esquerda, vemos o que seria o caracter original “Wing”, que existia em uma das salas do templo shao lin do Sul, cujo significado seria “eterno”, ou perpétuo e a direita, o caracter alterado de “Wing” com o sufixo, mudando seu significado de “eterno” para “Belo” ou “Bonito”)










Ao se incendiar o templo shao lin do sul pela primeira vez, conforme é contado na conhecida história, os monges ensinaram suas habilidades fora das muralhas do templo. Segundo ainda estudos recentes, acredita-se que a fusão entre as técnicas dos dois templos (do norte e do sul), foi o que propulsionou o desenvolvimento do wing chun, onde a idéia era, a partir dos conhecimentos de biomecânica humana e das formas de animais (leia-se o estudo do comportamento predatório de determinadas espécies),desenvolver um sistema prático e eficaz que pudesse ser ensinado em pouco tempo,o que nos leva a acreditar que os monges shao lin tiveram uma grande participação no desenvolvimento militar da dinastia Ming,ajudando os soldados Ming contra os manchus.
Segundo essa versão, diz-se que o Monge Chin Yuen, cujo nome real era Chu Ming, pertencente a família Ming,ajudou enormemente com sua destreza e com alguns de seus bens econômicos no intuito de derrotar os manchus.
Outro personagem de grande relevância foi Da Jung, um oficial militar do exercito Ming do norte que com a queda de seu governo, refugiou-se no templo shao lin; acredita-se que ele foi quem deu o conhecimento marcial aos monges do templo shao lin do sul. Também teria sido ele, o fundador de uma ordem secreta chamada “A lua budista de Hung”, que teria servido de enlace entre os templos do norte e do sul, formando posteriormente várias outras sociedades secretas, todas elas com o fim de derrotar os Ching.
A outros personagens também são atribuídos de terem conservado o sistema wing chun, sendo o mais antigo, segundo alguns registros, Yat Chun Dai Si, um monge do templo shao lin do sul da vigésima segunda geração e seu discípulo, Cheng Ng. Diz-se que este ultimo, teve permissão de sair do templo do norte e ir até o templo do sul,onde conheceu seu mestre,o qual ensinou a arte  do wing chun. Quando o templo foi destruído, Cheng Ng escapou para Cantão, e ali, aplicou seus conhecimentos em literatura e opera, criando assim o disfarce perfeito para suas atividades revolucionárias, sendo atribuída á ele, a criação da ópera do junco vermelho e assim, toda a história aponta que boa parte do wing chun que se pratica hoje em dia foi criado, desenvolvido e transmitido por Cheng Ng.





(Apresentação da ópera cantonesa no sul da china; essas apresentações atraíam muitas pessoas e eram levadas á vários lugares pelos atores do junco vermelho)


Conta-se também que a história da lenda de Yim Wing Chun também teria sido criada como disfarce, para que os reais fundadores do estilo se mantivessem em anonimato, preservando assim suas vidas.
Esta é uma das outras tantas versões sobre a origem do estilo wing chun, mas, como dito anteriormente, a falta de provas documentais dificulta em muito a pesquisa e a comprovação de fatos históricos relacionados á arte, cabendo apenas ao âmbito da especulação, já que o estilo foi passado oralmente de geração em geração, até nossos dias.
O sistema ving tsun acabou também sendo difundido em outros países e tendo versões bastante peculiares, como veremos á seguir nas próximas postagens.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Especial entrevistas ; Professor Augusto Carvalho



Esta entrevista já era pra ter acontecido á mais tempo, mas devido á falta de regularidade para com o Blog - entre outras coisas -  só agora tive tempo hábil pra editar os textos.
E é com uma imensa honra que esse mês,nosso entrevistado é o prof. Augusto Carvalho.
Professor Augusto Carvalho é uma figura bastante conhecida dentro das comunidades do wing chun nacional e sua dedicação para com a arte é realmente inspiradora. Nesta conversa por e-mail,pude-lhe fazer algumas questões - algumas bem polêmicas - onde podemos compreender um pouco mais sobre sua visão e interpretação do estilo wing chun e de sua ramificação atual.

Bem,sem mais delongas, vamos á entrevista!


Blog do Dido - O sr. poderia nos contar como foi seu primeiro contato com o ving tusn?O sr. já praticou em outras linhagens  e como o sr. conheceu seu atual sifu?

Sifu Augusto - Tomei conhecimento do Wing Chun  através de artigos  sobre Bruce Lee, publicados na década de 1970. Iniciei a prática em 1993. Passei por duas linhagens diferentes e muita pesquisa e experiência com outros praticantes até conhecer meu Sifu. Fui apresentado a Sam Hing Fai Chan, pelos meus irmãos Kung Fu, Nilson e Marcio. A Familia Sam Chan iniciou seu trabalho no Brasil em 2008. Hoje, temos quatro Sifu no Brasil: Augusto, Yakko, Marcio e Nilson.
De forma resumida é isso. O que posso acrescentar é que meu envolvimento com artes marciais não se restringe ao Wing Chun. E meu inicio se deu em 1976. Passei por várias experiências, até o momento atual onde ensino: Wing Chun, Jow Ga, Tai Chi Chuan. Além de praticar Karate (faixa marrom) e Jeet Kune Do.


Blog do Dido - Gostaria que o sr. comentasse quais são as principais características,tanto filosóficas,quanto técnicas de sua atual linhagem.

Sifu Augusto - Meu mestre costuma dizer que devemos formar bons cidadãos. Então o elemento marcial é apenas um veículo para esse fim. A prática das rotinas de exercícios e o convívio com o Sifu, levará a formação de uma boa conduta para a vida. Eu ensino a como lidar com os conflitos diários além de meras técnicas de combate corpo a corpo.
Quando alguém me pergunta: “você ensina a lutar?” ou “seu Wing Chun funciona em combate de forma eficiente?” Sempre respondo com outra pergunta.  Pergunto por que a pessoa quer aprender a lutar? Você é militar, polícial, segurança, etc. Faço a pessoa parar e refletir primeiro, o motivo de querer aprender uma arte marcial. Quais suas motivações. Essa primeira conversa já é uma aula.
Em suma, nossa linhagem defende uma prática marcial numa época sem guerras, onde o inimigo é nosso ego (centrismo). Temos de nos libertar do desejo de violência. A prática marcial nos ajuda a ter disciplina e dominar a agressividade. Estamos no Brasil do século 21 e não na China revolucionária de séculos passados.
Estou seguindo o Sifu Sam Chan, que segue seu Sifu Ip Ching, que aprendeu com o pai dele; o Sifu Ip Kai Man. Estou tentando ensinar aqui no Brasil uma cultura de família. De pessoas que viram a guerra e buscam a paz. Nosso Wing Chun é simples, direto e objetivo, como gosto de frisar sempre..
Em tempos de MMA, as pessoas confundem objetivos. Acham que todos devem ser gladiadores do século 21. Temos de entender que existe diferença entre arte marcial, defesa pessoal, esporte de combate,etc. Cada ramo tem seu objetivo especifico. E mesmo dentro de um mesmo seguimento, você encontrará propostas diversificadas. Para mim, todas são válidas.
A arte marcial foi criada pelo ser humano para o ser humano e não o contrário. Então, o mais importante é o ser humano.





Blog do Dido - O ving tsun é uma arte transmitida tradicionalmente através das famílias kung fu,ou clãs,sendo diferentes nos estilos,onde muitas delas se auto-afirmam
a autêntica,verdadeira,mais próxima da raíz,ou original, etc,etc,causando uma grande discordância entre elas. O sr. acredita que poderia haver uma 'unificação' - digamos assim
- entre essas organizações?è possível se chegar á um consenso nesse sentido e na sua opinião,quais são os motivos principais para que haja tanta discordancia entre as familias
ving tsun,existe uma saída para isso?

Sifu Augusto Carvalho - Pergunta complexa.  Sendo objetivo, creio que o motivo é o egoísmo e não vejo uma  saída para esse impasse, ao menos no momento.
Mas gostaria de tecer alguns comentários para expor aqui meu modo de ver a questão.
Sejamos realistas. Atualmente existem vários tipos de Wing Chun. Há, os ditos tradicionalistas, os vanguardistas, os mixados, os inventados, e por aí vai. Nem todos seguem (como disse você) as tradições. Isso gera muitas e gritantes diferenças. E está envolvido aí, interesses financeiros, busca de fama, poder e mais algumas coisas. Sou também Psicanalista e como tal analiso a fonte de tudo isso, na velha questão de cada um querer ser o destaque entre todos. O egocentrismo melhor dizendo. Ou, eu diria  ignorância, imaturidade. Mas tudo isso já existia na China antiga, não é criação nossa. É a característica geral de seres em processo de evolução. Por isso a pratica das artes marciais requer um árduo aprendizado. E o resultado disso é o conceito de Kung Fu, que eu costumo traduzir como excelência.
Particularmente, não acredito em disputas. Penso que há espaço para todos. Cada um que divulgue suas ideias e terá quem o siga. Não precisa convencer todos. Isso é bobagem!
Repito: não vejo saída. Minha saída é me relacionar com quem pensa igual a mim. Que considera as disputas uma grande bobagem e prefere ser feliz em harmonia com os demais. Quem não concorda comigo eu não discuto. Ou quem quer me convencer de sua verdade eu apenas escuto e agradeço.
De minha parte, estou sempre aberto a ouvir e ver. Mas se me faltam com o respeito eu ignoro e continuo meu caminho.
Gostaria muito de ver o povo unido. Mas vejo isso, hoje como utopia.

Blog do Dido - hoje em dia é muito fácil se conseguir,livros,dvds,e-books sobre wing chun pela internet e muitas pessoas se dizem praticantes de wing chun apenas por estar estudando
esse tipo de material.contudo, no ving tusn, um dos aspectos mais importantes dentro do desenvolver da arte é a relação sifu-todai,que propcia até mesmo um aprimoramento do carater
e do sentido de mo duk (virtude marcial). O sr. acha que pro praticante,estudar o ving tusn apenas por essa via,seria um caminho válido?

Sifu Augusto Carvalho - Não aprovo, mas não critico. Acho que as vezes um pouco, é melhor que nada.
Lembro que no inicio de minha busca eu tinha apenas artigos de revistas estrangeiras, e o material sobre Bruce Lee que uma amiga traduzia para mim. Depois, algum material nacional e os livros de Marco Natali. Até que pude de fato treinar com um Sifu.
Eu não aprendi muito com aquelas fontes de informação. Mas foram uteis para satisfazer minha curiosidade inicial e entender melhor meu Sifu. Quando passei a seguir um caminho próprio por cerca de dois anos, eu reuni muito material em livros, vídeos e materiais provindos de diversas fontes. Como eu já não era mais leigo, entendia muito mais fácil certas informações.
Mas só quando tive novamente contato com outros mestres e finalmente meu Mestre Sam Chan é que pude evoluir. Ou seja, vivenciar de fato o Wing Chun.
Em suma, os métodos alternativos podem ajudar. Mas não são completos. Aprender e dominar Wing chun de forma indireta é impossível para mim. Mas não critico quem o faz. Pois não sei qual o objetivo dessa pessoa. Talvez ela more no meio da selva amazônica e queira apenas ter um pouco de conhecimento sobre algo que ela gosta. Eu só seria critico a esta pessoa se ela quisesse ensinar outros com esse tipo de aprendizado. Mas ainda assim, não gosto de me envolver com o as escolhas de terceiros. Cada um que constrói seu próprio karma. E ação gera reação.

Blog do Dido - O sr. poderia nos dar mais detalhes sobre cmo o sr. desenvolve seu trabalho de Jeet kune Do?Como o sr. entrou em contato com essa arte e como vem conduzindo sua transmissão?


Sifu Augusto Carvalho - Esse é um tema mais polêmico.Vou iniciar pelo segundo ponto da pergunta e concluir com a questão inicial.
Meu contato com Bruce Lee, se deu através da série de televisão “The Green Hornet” que passava na TV brasileira como Besouro Verde. Talvez alguém estranhe que eu tenha assistido essa série. Mas é que sou um senhor prestes a completar 49 anos em 25 de abril deste ano. Então já vivi alguma coisa.
Com a morte prematura do Mestre Bruce Lee, o mundo das artes marciais virou um vulcão em atividade. Várias publicações surgiram, Fã Club pelo mundo, imitadores, etc. Assim eu iniciei a ler tudo o que falava sobre Bruce Lee até conhecer uma das pessoas que escrevia em várias revistas nacionais, sobre o assunto. A Professora Maria Antonieta Fernandes, grande amiga a quem rendo aqui homenagem. Antonieta é uma figura singular, tendo ajudado em muito, pessoas como Marco Natali e Leo Imamura em tudo que diz respeito ao “Universo Bruce Lee e JKD”. Além de mim , claro.
Através de Antonieta eu tive acesso a informações que ela conseguia com pessoas como Linda Lee e Dan Inosanto, por exemplo. Numa época em que não existia Internet, tudo era por cartas mesmo. Tive acesso a obras hoje esgotadas e entrevistas inéditas. Além daquilo que se publicava. Mantive contato também, com diversos Fã Club e com outros pesquisadores pelo Brasil.
Essas fontes foram os meios para eu tentar entender o conhecimento teórico do JKD. Quanto a prática, segui os conselhos de Mestre Lee. Eu me “atirei na água”. Fui um adolescente que deu a cara para bater. Dos treze aos vinte anos, mais ou menos, enfrentei muitos oponentes para testar a mim mesmo. Mas como não havia mestres de Kung Fu em minha cidade eu treinava com amigos, oriundos das mais diversas artes. Em pouco tempo eu era o coordenador do grupo e depois instrutor. Desenvolvi em 1990 minha própria versão do JKD.
Mas quando iniciei no Wing Chun deixei de lado este trabalho, e mergulhei de cabeça a entender o Wing Chun. Somente por volta de 2006, com o conhecimento maior do Wing Chun é que me voltei novamente para o JKD e descobri vários “mestres” ensinando por aí. Tentei contato com vários deles, mas descobri que a maioria estava apenas tentando fazer um mistura de varias tecnicas. E cada um se achava o dono do JKD. Após contato com vários ex alunos (diretos) de Bruce Lee com a intenção de treinar com um deles, resolvi montar um grupo de estudos de JKD. Pois considerei que meus anos de pesquisa e prática poderiam ajudar muitas pessoas.
Bem, respondendo a questão inicial. Como faço isso?
Primeiramente quero deixar bem claro, que não ensino  Jeet Kune Do. A proposta do meu grupo é de estudar os fundamentos deixados por Bruce Lee e tentar aplica-los em nossa realidade atual. Ou seja, não imito Bruce Lee. Pois não sou fã de Bruce Lee. Mas um estudioso de sua arte e sua vida. Seu legado. Até por que o puro JKD morreu com Bruce. Podemos nos inspirar em seu trabalho, mas jamais imitar sua forma de expressar. Cada um tem de achar a sua.
Outro ponto: é que o objetivo também, é criar um grupo forte. E com isso fazermos contato com pessoas que tiveram treinamento direto com Bruce ou com ex alunos dele. E uma pessoa que tem me ajudado muito é o meu irmão Kung Fu, o Sifu Yakko Sideratos que está vinculado a escola de Jerry Poteet. Tendo ido treinar nos EUA diretamente com esta linhagem de JKD.
Infelizmente a pessoa que eu mais admirava depois de Bruce, faleceu recentemente. Que era o Sifu Ted Wong. Ele treinou nos últimos anos com Bruce somente JKD. E Ted Wong nunca havia praticado outra arte marcial. Assim, ele não tinha outras influencias. Seu JKD era simples, puro.
Mas a vida continua e vamos em frente como dizia o Mestre Bruce Lee.
Pretendo continuar fazendo intercâmbio com outros instrutores e em breve teremos muitas novidades para os interessados do JKD no Brasil.


Blog do Dido - Uma pergunta bastante comum; Jeet kune do e wing chun são a mesma coisa?

Sifu Augusto Carvalho - Sim e não! Wing Chun Kuen é uma arte marcial chinesa, tradicional. Jeet Kune Do é fruto da experiência de vida de um ex praticante de Wing Chun que enveredou por outros caminhos, em busca da eficiência total em combate. Por outro lado, Jeet Kune Do sem a base do Wing Chun Kuen não existiria. Temos aí um paradoxo digno das artes marciais do extremo oriente. Tudo depende do ponto de vista de quem analisa.



Blog do Dido - gostaria de agradecer imensamente pela atenção e gostaria que o sr. deixasse suas considrações final,bem como seus contatos,para quem quiser conhecer mais e se
aprofundar mais.

Sifu Augusto Carvalho - Eu também gostaria de agradecer ao amigo pela oportunidade dessa entrevista. Desejo de coração que você continue crescendo no Wing Chun com seu Sifu Marcos Abreu, a quem muito admiro.
Minha mensagem final aos leitores desse Blog é que pensem por si mesmos. Escolham seu Sifu não por que ele é famoso, é chinês, é intelectual, é bom de luta, é marketeiro, é falastrão, é ótimo contador de estórias, etc, etc... Escolham seu Sifu por afinidade com a pessoa dele. Vejam se de fato você e seu Sifu podem caminhar juntos por longos anos. Experimente, questione, pense, reflita e decida. Se você achar que poderia chamar seu Sifu de pai, então vá em frente. Mas jamais permita que ninguém queira dominar e escravizar você. Um Sifu, apenas aponta o caminho a seguir. Divide com você a experiência adquirida. Mas jamais é o dono da verdade.
Se alguém quiser me conhecer mais sobre nosso trabalho, basta me escrever no e-mail: carvalho.augusto@gmail.com ou pelo Celular (11) 8284-7818