quinta-feira, 19 de setembro de 2013

The tournament...

À pedidos, segue mais um trecho do livro ''Wing Chun Warrior'', que discorre sobre a participação dos alunos de sitaaigung Duncan Leung num torneio de karatê ainda nos anos 70...

CAPITULO 31
O SAMURAI


Norfolk, Virginia
1977


È melhor ser morto do que humilhado
(shi ke sha er bu ke ru)
O livro dos Ritos


Confúcio (Kongzi 551-479 A.C)
Muitos indivíduos escolhiam a morte em vez de ter que suportar a
humilhação nas mãos dos seus inimigos na China antiga. Isto também se
tornou freqüente na China moderna durante a infame Revolução Cultural
entre os anos 1967 e 1977. Milhares de indivíduos cometiam suicídio para
se livrar da humilhação e da tortura dos Guardas vermelhos.
Talvez tenha muito mais coragm aquele indivíduo que aceita a humilhação
com a finalidade de levar a cabo uma missão vital (ren ru fu zhong).
Sima Qian (145- 91 A.C), o grande historiador chinês foi sentenciado à
morte como traidor. Durante a Dinastia Han (206 A.C -220 D.C) uma
sentença de morte podia ser executada de duas formas, pagando uma
grande quantidade de dinheiro ou sendo castrado. Sima Qian optou pela
castração com o propósito de completar o legado do seu pai (a lembrança
da historia dos dois milênios anteriores). Ele completou o Recorde dos
Historiadores (Shi Ji) no ano 91 A.C.
* * * *
Duncan e os seus alunos tinham sido convidados para participar em um
torneio de arte marcial executado por um instrutor local de alto ranking
na Universidade de Virginia. Esse torneio daria credito acadêmico para
aulas de Karate. O seguinte incidente foi relatado nas suas próprias
palavras:
O instrutor que dava aulas dentro da Universidade era um Samurai
Japonês que dava ensinava Karate para muitos alunos. Ele era bem
reconhecido em toda a America do Norte e no Japão. Ele era exigente e
bem conhecido pela severidade da sua disciplina.Por exemplo, os
estudantes eram castigados com um cano se eles não se desempenhavam
corretamente, e o castigo corporal era aceito como parte do seu
treinamento.
Eu não entendo como esse tipo de praticas era aceito na America. Depois
de tudo, não estávamos em Singapura. Deixando de lado a crueldade da
pratica, o castigo corporal é uma pratica educacional muito medíocre
(porque bloqueia o aprendizado) em qualquer tipo de área de
ensinamento. Neste tipo de atmosfera, os estudantes tinham medo de
fazer perguntas por medo de ser castigados ou de ficar ridicularizados.A
comunicação livre e fluida é essencial para o processo de aprendizado.
Falando especificamente em Arte Marcial as correções, de jeito algum são
físicas. Mais do que tudo, nós tentamos de imbuir nos alunos uma atitude
de confiança própria. Este é um sentimento que somente pode florescer
em um ambiente de confiança e credibilidade.



Aquela era na realidade a primeira vez que assistia um torneio no qual os
competidores usavam luvas e somente era permitido um contato parcial.
No momento em que toca um adversário toca o seu oponente era
necessário se retirar do contato. A pessoa que conseguia o primeiro
contato ganhava pontos. (pense nisto, isto e mais ou menos como um tipo
de pratica de determinados índios das planícies (a contagem de pontos
das tribos indianas sobre os seus adversários durante as batalhas). Isto
não funciona se falamos de luta real; somente garante que os
participantes não fiquem feridos.
Jim tinha tomado aulas comigo por nove meses, e ele era o único aluno da
minha turma a entrar na competição, embora uma grande porção dos
meus alunos tivesse ido junto para lhe dar força e apoio.

Eu estava de pé atrás de um painel de juízes quando Jim entrou para
competir com um dos alunos de karate. Antes de começar os participantes
foram lembrados sobre as regras da luta: sem força excessiva. Na primeira
rodada Jim não ganhou nenhum ponto, embora ele tenha tocado o seu
inimigo muitas vezes. Os juízes explicaram que o adversário de Jim
também tinha tocado nele. Os juízes, sem familiaridade com o Wing Chun,
não entendiam que Jim na realidade estava cobrindo e contra-atracando
simultaneamente quando na realidade parecia que o oponente tinha feito
o contato primeiro.
Depois da primeira rodada eu perguntei para o Samurai por que Jim não
tinha ganhado nenhum ponto atingindo no seu oponente.
Ele respondeu: “porque o seu oponente também tocou nele”
“Não, ele não bateu em Jim; pelo contrario, Jim bateu nele. Você cometeu
um erro. Foi uma cobertura e contra-atraque simultâneos. Você só
encontra isto no Full Contato”
Logo eu mostrei para ele o movimento exato em câmara lenta.
O Samurai discordou: “Não, sem contato. Essa é a regra”
Na segunda rodada, quando Jim tocou no seu oponente com um soco
aberto, desta vez ele não recebeu o ponto, e quando eu perguntei o
porquê, o samurai respondeu:
“Da forma como ele bateu não tinha força. Deve ser um soco completo
desde o quadril para receber um ponto. Ele socou desde uma posição
media com sua mão. Não há força desde essa posição”
“Do que esta me falando?” Agora o meu orgulho do Wing Chun estava
começando a ferver
O Samurai me mostrou o típico soco de Karate e colocando o seu punho
esquerdo do lado da sua cintura disse:" Ele deveria atirar o soco partindo
da cintura. O jeito como ele atirou o seu soco foi fraco e incorreto”.
“Eu não concordo com você. A forma com ele socou foi correta e
poderosa”
“Não! estava incorreta. Esta é a regra”. O seu jeito de falar curto e grosso
estava começando a me irritar.
Do jeito que estávamos nos comunicando não iríamos chegar a lado algum
com certeza. Eu estava começando a ficar furioso e finalmente eu peguei
o microfone da sua mão. Desafiando ele eu gritei para a audiência toda:
”Você só pode estar brincando! Então você diz que o soco do meu aluno
foi fraco e incorreto. Por que não troca um par de socos comigo? Eu
deixarei você me socar primeiro para sentir a força do seu soco. Eu não
vou movimentar meus pés e nem vou bloquear. Eu simplesmente vou
receber o seu soco no meu peito. Logo disso, eu vou dar um soco em você
para você ver a fraqueza do meu soco. Você tal vez não enxergue a força,
mas eu lhe garanto que vai sentir essa força.
“Não, essas são as regras do jogo”
“Esta com medo?” Duncan perguntou para ele
“Essa é a regra. Essa é a regra” Ele só podia repetir essa frase.
Para encurtar a estória, ele se recusou a aceitar o meu desafio que com
certeza não estava dentro do espírito marcial.
O combate continuou. Jim lançou um chute no oponente e continuou com
um soco esquerdo partindo de uma posição intermediaria. Por causa disto
o seu oponente caiu para trás então Jim esticou demais e deslocou para
frente o seu ombro esquerdo. O arbitro parou a luta enquanto eu fui ate
ele e manipulei o seu ombro deslocado ate colocar-lo no seu lugar. Eu
perguntei para Jim o que ele queria fazer,e falei para ele que tal vez era
melhor se retirar. Embora o seu ombro estivesse doendo muito, Jim
insistiu em continuar.


Ele levantou o seu braço esquerdo e colocou na frente do seu peito para
se cobrir e lutou com um braço só. O oponente, tomando vantagem da
desvantagem de Jim, logo começou a bater em Jim como um touro. Jim
mudou para direita, evitando o ataque e enquanto estendeu
simultaneamente o seu ombro direito para frente, desde uma posição
intermediaria ,socou na mandíbula do oponente. O impacto da colisão foi
poderoso porque o seu oponente de fato bateu a sua mandíbula contra o
punho de Jim. O adversário de Jim caiu no chão e a audiência se levantou
em aplausos.
Logo o Samurai deixou a audiência muda com o anúncio da
desqualificação de Jim pelo uso excessivo da força.
Eu fique estarrecido e protestei: “O seu oponente estava socando nele
como se fosse um touro; ele literalmente se bateu sozinho no punho do
meu aluno. O que você esperava que ele fizesse?”
“Força excessiva é contra as regras”
“O que me disse então sobre os pontos que ele deveria ter ganhado por
pelo menos impingir o soco?”
“Não. Ele usou excessiva força. Essa é a regra”
* * * *
Então o ganhador estava deitado no chão enquanto o perdedor foi
desqualificado por ter usado excessiva força quando o seu oponente se
lançou na frente do seu soco. Isso era arte marcial virado de pé para cima.
Com respeito ao desafio da resposta não aceita do Samurai, ele explicou
como é possível agüentar um soco solido de um Mestre de Karate: um
praticante de karate deve retirar o seu antebraço antes do soco, do
mesmo jeito que se prepara o gatilho de uma arma de fogo antes de
disparar. Ele não pode socar com um braço estendido. Antes de dar o
soco, a distância entre o alvo e os nós dos seus dedos deve ser menor do
que o seu braço completamente estendido para poder socar através. Se a
distancia entre o alvo e os nós dos seus dedos fosse exatamente a mesma
do que o seu braço completamente entendido, o seu soco seria
relativamente sem efeito. Se a distancia fosse um pouquinho maior o soco
nunca iria machucar.
Se você não consegue alcançar o seu oponente, independentemente da
força que você tenha, o seu poder é inútil. O contrario também é
verdadeiro:se você consegue alcançar o seu oponente,usando até a
menor das forças pode deixar-lo incapacitado.A força é derivada da
postura, da torção da cintura e do swing dos ombros.A distancia regula a
saída de maior força. Esta é a Terceira Forma do Wing Chun.
Se o Samurai tivesse mordido a isca de Duncan e aceitado o desafio,
simplesmente antes que o seu soco aterrissasse em Duncan, Duncan teria
bombeado o seu peito e balançado o seu torso para trás para fluir com o
soco par evitar infligir muita lesão. Duncan teria tido tempo de fazer isto
por causa da distancia que o soco tinha que viajar (do quadril).
Duncan nunca iria fazer tal desafio para um praticante talentoso de Wing
Chun. Foi Bruce Lee quem revelou publicamente o soco de uma polegada
(técnica única no Wing Chun).Ate um mestre de Karate não saberia como
usar-la.O soco de uma polegada possibilita a criação da potencia partindo
de pouco distancia. Assistir isto e deslumbrante. Bruce Lee lançava para
trás ate aterrissar no chão (a uma distancia aproximada de dez pés de
onde ele estava) um oponente que pesava duas vezes mais do que ele
próprio. Este soco se consegue por causa da extensão da escapula, o giro
das cadeiras e pernas e o golpe do pulso (a exata combinação do efeito de
empurrar e puxar da parte superior do corpo por completo, concentrando
a força em um único ponto. Mesmo sem dobrar o braço, a extensão
combinada alonga o alcance compensando a falta de distancia. Este é o
principio do ''cone em WingChun.''

domingo, 1 de setembro de 2013

Relembrando o passado e Kai Siu Yan - Aquele que indica

È engraçado quando você pára pra pensar que aquele amigo que você conversa eventualmente e que parece não ter mudado muito da época em que você conhecia pra cá, não é uma pessoa que você conheceu recentemente. Ainda mais quando essa amizade dura mais de uma década sem nenhum tipo de briga, discussão ou mesmo desentendimentos. Isso acontece sempre comigo quando vez por outra eu converso com o João Artur...


(João Artur aparece aqui praticando a primeira parte do Siu Nim Tao no parque da jaqueira)

Esses dias, tive a triste notícia do falecimento do seu pai, no qual eu também conhecia e fiquei realmente muito sentido. Na ocasião, comecei a lembrar de como tinha conhecido o Artur e o Seu Ezequiel e só então me dei conta do quanto tempo já fazia isso e dos acontecimentos que me levaram á praticar kung fu á sério e do papel do Artur nessa fase...


Em meados de 1995, eu não era o melhor dos alunos. Se você pensar que da primeira série primária até a 4º  série eu era um nerd - tirava em Português, Estudos Sociais, Matemática e Ciências sempre 10 em todas provas e testes, e tenho meu histórico escolar pra provar - foi uma grande ''queda de produção'' chegar á quinta série do antigo 2º grau, matando aula ao menos duas vezes na semana e tirando notas baixíssimas. Isso decorreu mais do meu interesse por aprender a lutar, por conta de uma baita surra que eu tinha levado num fliperama nas férias de meio daquele ano. Eu estava com a alto estima muito em baixa e só pensava em voltar ao Bairro do Jardim Paulista, onde moravam minhas tias e onde eu costumeiramente passava as férias,e que era onde existia o tal fliperama para encontrar o cara e devolver a surra que eu tinha levado.


                                     
            (João Artur desferindo um chute lateral, na garagem de casa em ocasião de sua visita á casa de meus pais)

Só que se eu fizesse isso, sem estar preparado antes, muito provavelmente aquela surra iria se repetir. Então decidi treinar alguma coisa. Visto que no meu caso específico, o Tae Kwon Do aprendido com meu pai, não deu lá muito certo pra utilizar naquela briga, porque o garoto era bem maior, mais rápido e encurtou a distância demais pra que eu pudesse usar algum chute e no máximo o que deu pra fazer foi ''fechar'' o rosto pro estrago não ficar pior, resolvi então que iria treinar alguma coisa por conta própria,sozinho e com os poucos recursos que eu tinha. De qualquer forma, com esse parâmetro, não dava muito pra ser um bom aluno na escola mesmo...

Então fui no decorrer do ano sendo trocado de turmas até que cai na sala, onde a galera ficava me encarando e encarando um carinha que sentava lá no fundo da sala...''Vocês são irmãos?'', era uma pergunta corriqueira que me faziam, porque eu e esse carinha, tínhamos o mesmo biotipo; Magrelos, branquelos e com cara de Nerd...rsrsrs. Lembro-me da primeira coisa que eu disse á ele sem nem mesmo dizer meu nome;

 - ''Todo mundo fica me perguntando se sou teu irmão...não me acho parecido com você!''

O que poderia ser interpretado como algo rude, foi respondido com uma risada. - ''Eu sou o Dido, como se chama?''
- ''João Artur...você também desenha é? Pô Legal''...Isto porque meu caderno velho vivia cheio de desenhos toscos que eu fazia , ele ele bem notou isso. - "È, eu gosto de desenhar, mas to interessado mais em aprender a dar porrada...fazer alguma arte marcial saca? Você gosta do Bruce Lee?''

- ''Ah claro, ele é demais cara! Vai lá em casa qualquer dia, eu tenho um quadro dele na sala de casa, bem legal!''


                             (Esse era um quadro gigante que eu tinha na sala de casa e que durou muito...rs)

          ( O quadro do Artur )

E assim, a gente foi firmando uma amizade numa boa. No dia em que fui ver o tal ''quadro do Bruce Lee'', conheci seus pais e irmã e desde lá a gente sempre se via na escola e tínhamos interesses em comum. Desenhos, música, lutas...

Durante os intervalos nas aulas, João Artur, Eu e mais um amigo chamado Elissandro, íamos pra quadra de futebol e lá , fazíamos luta entre nós três e não poucas vezes éramos chamados á direção da escola,porque outros caras chegavam querendo participar e acabava tudo em briga de verdade.


(Essa é a escola onde estudávamos e ali, embaixo daquela caixa dágua também rolavam as ''lutas'',que se tornavam brigas, as vezes...rs)

Até que um dia,em novembro de 1996 o Artur chega pra mim todo empolgado:

- ''Cara, me matriculei numa escola de Kung Fu!!!Você tem que ir ver!!

Claro, eu topei na hora!Já faziam alguns meses que eu vinha ''me preparando'' com aquelas práticas de combate com os caras na escola e vi ali uma oportunidade de aprender uma arte marcial que eu sempre quis fazer. Claro que pela ignorância de desconhecer sobre estilos, linhagens, famílias, não fazia ideia do que seria aquele Kung Fu que o Artur tava aprendendo...eu queria mais era ir lá treinar!

- ''Mas é num sábado á tarde e leva a tarde toda a aula, você vai poder?''
- ''Claro que sim cara!Vou só pedir permissão pros meus pais e te aviso na sexta-feria aqui na escola mesmo.''

Então no sábado marcado, fomos ás aulas e lá o Artur me apresentou aquele que seria meu primeiro Sifu.


Sebastião Cícero, mais conhecido como ""Zito'', foi aluno do Mestre Júlio Kushida no estilo Shao lin do Norte, sendo o Mestre Júlio, discípulo direto do mestre Chan Kwok Wai, uma autoridade do estilo no Brasil. Tinha cara de gente comum, desses que se você visse, não daria nada pelo sujeito, mas ainda é um grande professor....Os caras mais antigos vinham todos ainda da década de 90 na academia e a gente, meio que sem saber, estava formando o que era, digamos, uma ''nova turma'' que hoje em dia, poucos permaneceram treinando algum estilo de kung fu. Mestre Zito ainda leciona hoje em dia. Ele foi o cara que me ensinou as bases pra melhorar os chutes que eu tinha do TKD. Era um cara muito
'casca-grossa' e que treinava muito pesado. Lembro-me claramente da primeira aula de combate livre quando ele chegou em mim e disse;


- "Você tem de intimidar logo de cara!Feche a cara pro seu adversário!Mostre que você não está de brincadeira!Se ficar somente sério pra ele,mesmo que você seja bom e tenha confiança, ele cresce e te arrebenta!''  Ao lado, uma foto do mestre Júlio Kushida, já que é uma pena eu não ter uma foto com o Mestre Zito dessa época...                                                                       
Bem...

Alguns anos se passaram e eu nunca mais encontrei o cara do flíper. Mas em 1998, eu tinha quase dois anos de prática e me achava afoito o suficiente pra ir lutar com qualquer pessoa que viesse ''tirar uma onda''. Eu e o artur disputávamos entre nós pra ver quem aprendia mais Katis, quem era melhor de luta,tudo isso numa disputa muito saudável, onde um ajudava o outro e até ensinava um ao outro....isso até o dia em que um  amigo em comum falou pro Artur de um cara que estava ensinando outro estilo de Kung Fu ...um tal de ''Ving Tsun''...E ai, eu tendo pego o endereço com o próprio Artur, fui lá conferir pessoalmente e dando uma resumida, comecei a treinar o Wing chun com o hoje, Sifu Adilson.

Voltando aos dias de hoje, percebi que o João Artur, tem um papel fundamental pra que hoje, eu estivesse praticando com meu atual Sifu e dando continuidade aos meus treinamentos, pois se eu não tivesse passado por tudo aquilo e não o tivesse conhecido, provavelmente nem estaria hoje escrevendo sobre wing chun.

Posso dizer que naquela época e de certa forma, ele foi meu Kai Siu Yan.


(Meu sobrinho, Artur e Eu, fazendo arruaça na garagem de casa)

Kai Siu Yan - Em dialeto cantonês; Aquele que indica, ou apresenta, é a pessoa que apresenta o pretenso praticante de kung fu ao Sifu. Na maioria dos casos, o Kay Siu Yan também é um aluno da pessoa que virá a ser o seu Sifu e este acompanha a sua prática, sempre lhe auxiliando. Mas pode ser, em alguns casos, de fora da família.

Com meu Sifu atual, eu não tive uma pessoa como Kai Siu Yan de fato, já que fizemos contato por diretamente por outros meios. Engraçado pensar também que Yip Man, também não teve um Kai Siu Yan que fosse discípulo de Chan Wah Sun, mas isso devido ás circunstâncias históricas que o levaram a se tornar um Quan Moon Dai Gee de Chan Wah Sun.

(Nesta foto rara, Yip Man aparece ao Lado de Jau Ching Chuen,que foi o Kai siu Yan de seu próprio filho, Jau Gwong Yu,que foi discípulo de Yip Man ainda em Fo Shan)


Dentro da cultura e da tradição chinesa, para alguém aprender wing chun era necessário que conhecesse alguém que fizesse parte de uma família kung fu, ou o indicasse para um Sifu. Se o Sifu já estivesse ''aposentado'' e escolhesse não mais lecionar, era dito que ele tinha ''fechado as portas'', ou ''Quan Moon''. Mas em alguns casos, o Sifu mesmo tendo fechado as portas, tinha a prerrogativa de fazer uma exceção.Ao  Aceitar um discípulo após sua aposentadoria, este era chamado de Quan Moon Dai Gee, ou discípulo de portas fechadas.Exatamente o caso do Sijo Yip Man, mas ai já é outro termo...outra história....



Então, de certa forma, tenho muito o que agradecer ao João Artur por ter me indicado e de certa forma iniciado meus treinamentos no Kung Fu,mesmo que em outro estilo, mas que me levaram hoje á estar ainda hoje praticando e por sua amizade. Apesar de hoje, eu passar alguns conhecimentos sobre Wing Chun pra ele informalmente, ainda o considero como sendo mais velho que eu e espero que essa postagem seja uma pequena homenagem ao seu Pai, falecido na ultima terça-feira.


Até a Próxima.


Dido
discípulo privativo do Sifu Marcos Abreu.