terça-feira, 9 de junho de 2015

Testemunhais - parte um

Nos últimos meses, eu tenho reduzido drasticamente o número de alunos e de parceiros de treino aqui em Recife. Não é por nada, mas a medida em que me aprofundo nos estudos do Wing Chun, ainda mais em minha família kung fu, raras são as pessoas para as quais podemos realmente ter um certo grau de confiança para salvaguardar o conhecimento que nos é transmitido.E talvez isso não seja apenas uma questão de aprofundamento no estudo, mas  suspeito, aconteça de forma geral e em várias escolas... Daí o aforismo ''È difícil para o discípulo encontrar um bom SiFu, mas é mais difícil ainda para o SiFu encontrar um bom discípulo.''

De fato, várias pessoas ao longo desses anos foram meus parceiros de treino/alunos. Muitos deles não compreenderam até hoje o significado do que é ser um verdadeiro discípulo,por falta de preocupação, ou comprometimento talvez....alguns se tornaram pessoas mais preocupadas em status,política, ter representatividade, fazer dinheiro fácil ou ter reconhecimento... enquanto outros, conseguiram entender de forma plena o que significa realmente  ter a arte como parte daquilo que se é. Agir e pensar dentro da lógica do wing chun requer mais esforço e atenção do que apenas o ato de gastar 1 ou 2 horas treinando técnicas duas ou três vezes na semana.


Apesar das restrições monetárias,locais, de distância e horário, tenho comigo alguns poucos bons discípulos, que devido ao fato de eu ainda ser um praticante em processo de estudo,ou seja, não ter concluído todo o sistema ainda,  na compreensão completa da arte, os considero mais como parceiros de treino. Nem sempre os vejo e as vezes nem sempre praticamos nas vezes em que nos encontramos. Mas são essas pessoas que com o passar do tempo e convivência, vão se tornando parte de seus ciclos e acompanham o desenvolver prático, o cultivo da arte do wing chun de forma indelével e se tornam sobre tudo,verdadeiros amigos....característica essa que vai de encontro com o conceito de Saam Fat (método do coração, ou Kung Fu life- Vida Kung fu). 

Por isso nesta postagem, compartilho aqui alguns depoimentos de algumas dessas pessoas que ao longo dos anos, são mais do que meus parceiros de treinamento ou alunos...são meus amigos também. Não se trata de forma nenhuma, de um exercício para o ego,pois nunca postei nada aqui nos referindo como ''A melhor escola de wing chun de Pernambuco'', nem nada desse tipo (muito embora eu já tenha visto isso de pessoas bem menos capacitadas, não posso deixar de alfinetar....) mas sim para que as pessoas entendam que existe um zelo ao se assumir a responsabilidade na transmissão do sistema wing chun e que é justamente isso, que vai fazer a diferença para o praticante. Porque se trata de uma matemática simples; Se o instrutor não possuir cuidado ao lecionar, o aluno não terá cuidado em preservar. Ao contrário da postagem anterior, não pretendo fazer um post gigante e enfadonho, por isso, separei alguns dos testemunhais dos meus principais parceiros de treino e espero, que possam tirar algo de proveitoso nisso....




Ialley Lopes
Estudante de psicologia

''  De forma objetiva e prática, assim como no Sistema Wing Chun, estarei eu, Ialley Lopes, relatando como é treinar com o Si-Hing (irmão mais velho) Dido, sendo ele de fato, meu SiFu, embora ele mesmo recuse esse título...


Os treinos eram bastante puxados, principalmente para quem seguia uma vida sedentária antes de aderir a Arte Marcial do wing chun para sua vida... depois de um tempo com o costume e a adaptação do corpo e da mente com o estilo de luta as coisas foram ficando mais facéis? Não, depois da adaptação do corpo e da mente os treinos eram regularmente atualizados, de modo que não ficasse enfadonho, mesmo sendo uma arte voltada para a repetição, para que haja assimilação da técnica, os treinos não poderiam ser considerados chatos, muito pelo contrário, a metodologia de Dido fazia juz à interação dos irmãos e a descontração do ambiente.



Para os treinos, Dido se utiliza de músicas dos mais variados estilos e se dispõe a ouvir coisas novas, o que faz as pessoas interagirem e terem assuntos dos mais diversificados possíveis.



Dido pode ser considerado um grande facilitador e/ou um grande treinador, pois ele sabe trabalhar os medos de seus alunos, como por exemplo, eu tinha medo de fazer Sparring's (luta solta) e com o tempo Dido foi trabalhando isso em mim de forma gradativa, e efetiva, se hoje eu ainda tenho medo acredito que é extremamente inferior ao que eu sentia antes.

A objetividade e praticidade do sistema Wing Chun é baseado no contra-ataque, na força em direções opostas, no utilizar da força do oponente contra ele mesmo... um exemplo muito citado por Dido é o da madeira boiando, se é feita uma força de um lado o outro emerge causando o contra-ataque e vice-versa. Essa praticidade e velocidade para aplicação em campo dá a segurança necessária para utilizar as técnicas sem receio, já que a sua efetividade e fluidez é facilmente observada nos treinos..''




Elias Oliveira
Estudante de psicologia
Fafire

''Quando era mais novo não sabia distinguir os estilos de artes marciais, mas ao ouvir o nome Bruce Lee já sentia um peso o qual não sabia explicar muito bem... Logo depois o associei ao Kung Fu. Bem, eu fui um garoto bisbilhoteiro e ficava espiando o Dido (Aldary) treinando em seu quintal, e aquilo era espetacular para mim. Não sei se ele lembra, mas chegou a passar até algumas coisas para mim, eu tinha uns 8 ou 9 anos. Esse foi meu primeiro contato com o Kung Fu e com o Dido lecionando, mesmo que ainda prematuro no campo. Os anos passaram e eu sentia que não me encaixava em nenhum estilo de luta e tinha saudade do Kung Fu. Recebi um convite do Dido para de fato aprender e seguir a arte, e aceitei! (isso ele firmado no estilo Wing Chun) Cara, eu me surpreendi muito, o treino é pesado e você vivencia tudo aquilo que é praticado e dito. Aprendi que não é preciso você ser grande ou forte, só basta repetir a técnica e fazer com eficácia, além do mais os golpes já falam por si só, são muito precisos! Treinei por quase um ano e por motivos maiores estou sem o treino físico, mas aplico o Wing Chun em meu dia a dia, isso é muito importante, faz você encarar as coisas sobre uma nova perspectiva. Espero voltar em breve para nossas tardes treinando e discutindo sobre coisas relacionadas, tardes as quais quero aprender muito e poder passar para meus sucessores. Mesmo não estando nos treinos regulares, serei sempre seu discípulo.''








José Rodrigues Júnior

Fotógrafo profissional




''Wing Chun uma arte marcial incrível, ainda dependente do treinamento, diferente do que pregam alguns, não é a arte em si que faz alguém um super artista marcial, o treinamento tem papel fundamental na qualidade das habilidades. Treinar com Dido certamente é um caminho para atingir a primazia das suas habilidades. Seu foco e paixão são motivadores.'' 


Até a próxima.

Dido
Discípulo privativo do SiFu Marcos de Abreu em Recife- PE






2 comentários:

  1. Concordo totalmente com todos, excelente postagem, é tudo o que eu sempre pensei que uma arte marcial séria deve ter, tanto na sua filosofia, como na forma de transmitir e receber o conhecimento. Parabéns Dido, Lalley Lopes, Elias Oliveira e José Rodrigues Júnior.

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